Passando várias noites em claro, Claudia Comas velejou 76 dias até conquistar a Barcelona World Race

THÉO AZEVEDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dar a volta ao mundo como se fosse um velejador, pelo computador. Impossível? Não para a brasileira e psicopedagoga Claudia Rodriguez Comas, 48, que navega desde pequena, mas nunca havia participado de uma regata. A estréia foi logo na BWR (Barcelona World Race), prova que começou em novembro do ano passado; após 76 dias de intensa competição, Claudia cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. Tudo isso sem sair da frente do PC.
A regata virtual, que acontece por meio do jogo on-line Live Skipper (www.liveskipper.com), acompanha a versão convencional da prova homônima, da rota às condições climáticas, passando pelo tipo de barco. No total, seis mil velejadores virtuais, de todos os cantos do mundo, participaram.
Claudia, cujo irmão é velejador e muitas vezes compete ao lado de Torben Grael, integra o Boteco1, que define como "a primeira e única torcida organizada de vela de que se tem notícia". E foi através do Boteco1 que ela decidiu participar da BWR, mas no início tudo não passava de uma brincadeira. "Achei que ficaria no máximo uma semana, nunca tinha participado de nada parecido e foi uma experiência única."
O começo foi difícil, pois Claudia se inscreveu com dois barcos, algo que hoje considera uma loucura, mas decidiu formar uma dupla com um amigo, também membro do Boteco1 e que acabou ficando em terceiro lugar na regata virtual -para conseguir dar conta do jogo e das tarefas e compromissos da vida real. "Tinha dias em que eu ficava o tempo inteiro no computador. Como todo jogo, acabou se tornando um vício."

Real e virtual
Claudia ainda enfrentou outros momentos difíceis, principalmente com a interface do Live Skipper, na hora de contornar obstáculos "pequenos", como os estreitos de Gibraltar e de Cook. "Não tinha definição suficiente para saber se estávamos perto de encalhar ou não, e para isso tivemos que recorrer a outros sites", conta ela. Ela exalta o realismo com o qual o game resgata elementos como a tática e a navegação, entre mapas de ventos, previsões meteorológicas e posicionamento em relação a adversários.
Depois de virar noites para superar os obstáculos e trocar muitas mensagens no fórum do Boteco1, para Claudia a maior vitória é mesmo do grupo, cujo principal objetivo é difundir a vela pelo Brasil e pelo mundo. A apaixonada pelo esporte que mais medalhas olímpicas deu ao Brasil já se prepara para o novo desafio, a Transat Virtual, em junho, novamente ao lado do amigo, Armando Faria: "Isso se ele me aceitar! Será?".


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