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Computador retoca e limpa imagens
DA "TECHNOLOGY REVIEW"
Como Hollywood gira em torno dos astros de cinema, o maior
destaque do filme "Náufrago",
lançado em 2000, foi a variação de
peso do protagonista Tom Hanks.
Mas a verdadeira magia por trás
do filme só foi revelada muito
tempo depois: boa parte da ilha
em que o personagem fica preso
fora criada por computadores.
Não é segredo que os efeitos especiais de filmes como "Parque
dos Dinossauros" e "Guerra nas
Estrelas: Episódio II" se devem à
tecnologia digital. Mas os computadores também estão tomando
outra etapa da realização de filmes: a pós-produção, que envolve
edição, ajuste de cores e retoques
na imagem. "Nós chamamos essas coisas de efeitos invisíveis",
afirma George Joblove, vice-presidente de tecnologia da Sony Pictures. "São detalhes que o espectador não deve perceber."
Atualmente, quase todos os laboratórios fotográficos de Hollywood oferecem serviços digitais.
A empresa Technicolor, que em
1916 inventou o primeiro processo fotoquímico bicolor, hoje desenvolve scanners para digitalização de filmes. A Kodak, que fornece 80% do filme usado nos Estados Unidos, criou a empresa Cinesite, especializada em edição e
efeitos por computador.
Adoção
Para entender a influência da
tecnologia digital no cinema, convém dividir o processo de elaboração de um filme em captação,
pós-produção e exibição.
Embora o diretor George Lucas
tenha decidido fazer "Guerra nas
Estrelas: Episódio II" usando câmeras digitais, a maioria dos filmes ainda é registrada analogicamente. O hardware digital está
melhorando muito, sobretudo
com o advento das câmeras 24p,
que registram 24 imagens por segundo, como as máquinas analógicas tradicionais. Mas a resolução e o contraste das câmeras digitais ainda não se comparam à
qualidade do filme fotográfico.
"O filme comum armazena
mais informações do que o olho
humano pode ver. O sistema digital nem chega perto disso", afirma
Brad Reinke, da Cinesite.
Na ponta da exibição, a tecnologia digital ainda não é difundida:
dos 35 mil cinemas presentes nos
Estados Unidos, apenas cem já
adotam projeção digital. Esse sistema exibe os filmes por meio de
DVDs de alta resolução ou por
transmissão via satélite.
A projeção digital não está sujeita a variações de velocidade e não
danifica o filme. Mas, como não
representa um avanço tão impactante quanto o cinema falado ou
colorido, as salas de exibição relutam em comprar os equipamentos necessários, que custam pelo
menos US$ 100 mil e eventualmente têm de ser atualizados. Por
outro lado, um projetor analógico, que dura em média 20 anos,
custa US$ 30 mil.
Na pós-produção, a tecnologia
digital está em via de se tornar o
padrão. Atualmente, a edição cinematográfica já é quase exclusivamente feita por computador.
Tecnologia
No centro de operações da Cinesite, que tem o tamanho de um
hangar, as virtudes -e as limitações- da pós-produção digital
ficam bastante evidentes.
O processo começa na sala de
escaneamento, onde os filmes são
digitalizados por um feixe de
raios laser. Como os pontos que
formam uma imagem digital tendem a uma certa imprecisão, filmes escaneados na resolução padrão (2.048x1.556 pontos) podem
parecer sutilmente desfocados.
Isso pode ser contornado usando uma resolução maior (4.100x
3.000), mas o arquivo gerado é tão
grande que a digitalização de um
filme nesse formato leva 12 dias.
Como a diferença é quase imperceptível num cinema comum,
o formato de 4.100 pontos só é
usado em salas do tipo Imax, que
possuem telas gigantes.
Depois de digitalizado, o filme
pode seguir três caminhos: passar
pela área de efeitos especiais, ir ao
setor de masterização digital, que
acerta as cores da imagem e faz
conversões para DVD, ou chegar
ao departamento de restauração.
Os técnicos em efeitos especiais
recebem boa parte da atenção
quando um filme é lançado. Mas
os profissionais de masterização
provavelmente contribuem mais
para a aparência de uma obra.
Restauração digital
Do ponto de vista tecnológico,
os maiores feitos acontecem no
setor de restauração digital, que
remove riscos e manchas de filmes danificados. A empresa usa o
programa Bitzer, que corrige automaticamente defeitos de imagem, mas o processo tem de ser
concluído manualmente.
"Às vezes é tedioso", afirma Corinne Pooler, da Cinesite. Usando
o software Moviepaint, os profissionais de restauração corrigem
quadro a quadro os trechos danificados. Atenção é fundamental.
Ao apagar as câmeras usadas
numa cena de pára-quedismo
com 3.000 quadros (125 segundos), um profissional eliminou o
que lhe pareciam ser pontinhos
pretos sem relevância. Um colega
viu o resultado e proclamou: "Você apagou os pára-quedas!".
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