RODOLFO LUCENA
ENVIADO ESPECIAL A SAN FRANCISCO

Duelistas no sofisticado mundo dos chips, a líder Intel e sua principal concorrente, a AMD, anunciaram, na semana passada, novas linhas de processadores. Ambas estão focadas em tecnologias que prometem menor consumo de energia e melhor performance. A AMD foi a primeira a apresentar armas, com o lançamento de três modelos da linha Opteron, chips que contêm dois núcleos (é como se um só chip funcionasse por dois). São para uso em servidores -máquinas que controlam grandes redes ou processos. A Intel deu o troco no dia seguinte, na abertura do Intel Developer Forum, em San Francisco (Califórnia, EUA). Fez uma rápida demonstração do processador Quad Core, com quatro núcleos, o dobro do que contêm os processadores topo de linha. Os Quads, que deverão ser lançados no ano que vem, serão baseados num novo design, a microarquitetura Intel Core, que, segundo a empresa, permite ganhos de performance sem gastar mais energia. Com base nessa microarquitetura, já neste ano a Intel apresentará uma nova família de processadores de núcleo duplo. O Conroe, para micros de mesa, deverá oferecer um desempenho 40% superior ao do Pentium D 950 e consumir 40% menos. Na linha portátil, a diferença não será tão grande, pois os processadores atuais já oferecem economia de energia. Mesmo assim, a empresa promete ganhos de 20% na performance com o Merom, chip para laptops com a nova arquitetura -a comparação é com o Core Duo T2600. É no mundo dos servidores que está a maior diferença. O Woodcrest, apelido do futuro chip, deve superar em mais de 80% a performance do Dual Core Intel Xeon, consumindo 35% menos energia. Não por acaso, o Woodcrest, para uso em máquinas corporativas, será o primeiro da nova família a chegar ao mercado. Afinal, a concorrente AMD está se dando bem na área de servidores. Segundo a empresa de pesquisas IDC, a linha Opteron, da AMD, que tinha uma fatia de meros 4% do mercado em 2004, chegou a 10% no final de 2005. Apesar de ser muito menor que a Intel, a AMD vem crescendo no mercado global. Do último trimestre de 2004 para o último trimestre do ano passado, a Intel perdeu para a concorrente uma fatia de 5,3 pontos percentuais, segundo a empresa de pesquisa Mercury. Mas sua liderança está longe de ser ameaçada -no final de 2005, tinha 76,9% do mercado.