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Alemanha realiza maior operação
SILVIA BITTENCOURT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE HEIDELBERG
Um trabalho extenso e cheio de
obstáculos. Assim definiu o investigador alemão Torsten Kobow,
do Departamento da Polícia Criminal do Estado da Saxônia-Anhalt (centro do país), a procura
pelos criminosos que divulgam
na internet fotos e cenas pornográficas de jovens e crianças.
Kobow chefiou, na Saxônia-Anhalt, a Operação Marcy, que há
duas semanas levou à apreensão
na Alemanha de milhares de vídeos e disquetes e à busca em
mais de 500 apartamentos e escritórios. Foi a maior operação já
realizada no país.
Participaram centenas de investigadores dos departamentos federal e estaduais da Polícia Criminal da Alemanha, que passaram
meses à frente de micros buscando fotos e filmes suspeitos.
Para um trabalho desse tipo, os
investigadores contam com informações vindas de ONGs que lutam contra a pornografia infantil
e dos próprios internautas.
Entre as ONGs que colaboram
com o trabalho dos investigadores está a Innocence in Danger,
com sede na França, que calcula
haver hoje mais de 180 mil sites
com conteúdo pedófilo e 4.500 salas de chat a respeito.
Todos os departamentos estaduais da Polícia Criminal da Alemanha têm um site de combate à
pornografia infantil, que explica
como agir no caso de recepção de
material pedófilo. Eles recomendam que o internauta anote e passe à polícia todas as informações
possíveis sobre a origem do material, mas sem abri-lo. Abrir e-mail
com conteúdo pedófilo ou fazer
investigação particular torna o internauta suspeito e punível.
Com sorte na busca, os policiais
conseguem entrar nos fóruns e
chats, pelos quais os pedófilos trocam fotos e filmes. Ao chegar a
um site, os policiais colocam-no
num sistema de busca, que lhes
fornece o Internet Protocol (IP), o
endereço numérico de cada computador ligado à rede. "Equivale à
impressão digital do internauta",
diz Kobow.
O IP leva, na maioria das vezes,
a um provedor, que, na Alemanha, é obrigado a dar informações
sobre os responsáveis pelo site e
sobre cada usuário que clica nele.
Além disso, os provedores frequentemente apagam o IP poucos
dias depois, o que faz uma determinada pista se perder no nada.
Os promotores alemães estão, por
isso, pedindo leis que obriguem
os provedores a arquivar os IPs.
Ao identificar um suspeito, a
polícia vai atrás dos dados encontrados no computador dele, como
arquivos e e-mails de possíveis
cúmplices, os apelidos e pseudônimos com os quais pedófilos navegam na rede. Esses nomes são
repassados aos provedores, capazes de identificar em quais grupos
e salas os suspeitos circulam.
Muitos pedófilos, porém, evitam trocar fotos e filmes em chats
e fóruns. Usam e-mail ou grupos
de chat (IRC) para trocar arquivos reservadamente e sem pistas.
Iniciada no ano passado, a Operação Marcy já identificou 530
alemães e 26 mil internautas em
166 países, suspeitos de promover
pornografia infantil na rede. Entre eles estão 235 brasileiros, cuja
identidade foi passada para a Polícia Federal do país.
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