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PF usa denúncia como estratégia
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nem hackers nem sistemas de
última geração. A denúncia é a
principal arma da PF (Polícia Federal) e do Ministério Público no
combate à pedofilia no Brasil.
Uma parceria entre os dois órgãos
e os provedores com sede em Brasília garantiu a divulgação na rede
do endereço de e-mail para quem
quiser informar casos suspeitos:
dcs@dpf.gov.br.
Essa é a porta de entrada da PF.
De lá, a mensagem é enviada à
DDH (Divisão de Direitos Humanos) da PF (caminho direto:
ddh.cgcp@dpf.gov.br). Em um
trabalho de cerca de duas semanas, verifica-se a veracidade da
denúncia -com três agentes disponíveis para o trabalho.
"Nós monitoramos os casos denunciados para ver se há consistência. A ação tem de ser imediata. Em geral, são sites temporários
e migram de sítio para sítio", explica a delegada Maria da Graça
Fredenhagem, chefe da DDH. O
trabalho da perícia é fundamental
nessa investigação. Primeiro, o
perito captura as imagens na internet e busca na página whois.
registro.br o dono do domínio
que abriga o site investigado.
"Em geral, são dados falsos, mas
fundamentais para fazer um laudo que sustentará o pedido judicial de quebra de sigilo pelo qual
se chegará ao endereço IP de
quem colocou essas imagens na
rede", diz Jorilson Rodrigues, diretor jurídico da Associação dos
Peritos Criminais Federais.
Na leitura técnica, o endereço IP
corresponde ao número do telefone do qual partiu a chamada para o provedor que veiculou as
imagens investigadas.
Identificada essa origem, a investigação segue os procedimentos normais. Será feito um levantamento completo do dono da linha, do local onde está instalada,
do usuário efetivo, suas relações,
antecedentes criminais e conduta
social, num caminho que passa
por escutas telefônicas.
O passo principal só acontece
tempos depois. É a operação de
busca e apreensão no local de onde se faz a chamada para o provedor. Os equipamentos apreendidos passarão por nova perícia, da
qual sairá eventualmente a prova
de que as imagens veiculadas partiram do computador flagrado na
operação policial.
"O fator surpresa é fundamental para a polícia, porque conseguimos recuperar, na memória
do micro, o material veiculado na
rede e fazer a prova do crime."
Conforme o perito, os pedófilos, em geral, não são conhecedores das ferramentas da informática a ponto de utilizá-las para apagar definitivamente as imagens
que colocaram na rede.
"O mais comum é destruírem
fisicamente o disco rígido assim
que se descobrem como alvos da
polícia", informa Rodrigues.
Além da investigação da denúncia, o Ministério Público lança
mão de duas outras iniciativas. A
primeira, ainda inédita, é recomendar formalmente ao Comitê
Gestor da Internet, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, o
bloqueio do site. A segunda tem
viés educacional.
"Não podemos voltar à censura,
mas podemos fazer campanha
pelo filtro familiar. Os pais têm de
saber o que os filhos vêem na internet", declara a procuradora regional dos Direitos do Cidadão do
Ministério Público Federal em
Brasília, Andréa Lyrio.
Os sites são o meio mais comum de prática de pedofilia pela
internet. Mas há outras cuja frequência está aumentando: divulgação de imagens pelos chats e e-mails oferecendo CD-ROM com
esse tipo de conteúdo.
"Como a repressão aumentou,
há uma tentativa de manter a prática de maneiras mais sutis", diz o
perito criminal Bruno Maia.
Em regra, os pedófilos não têm
grandes conhecimentos de informática. Iludem-se com o simples
deletar. Mas, com o uso de programas especiais, é possível recuperar informações apagadas no
disco rígido. Há pedófilos que
usam softs especiais para criptografar seus arquivos. Contra eles,
a PF utiliza, entre outros, o Password Recovery Tool Kit.
Segundo Paulo Quintiliano da
Silva, chefe do Serviço de Perícia
em Informática da PF, 60% dos
pedidos de laudo que chegam ao
departamento são sobre pedofilia
na internet. Desde 2002, Silva recebeu 400 solicitações.
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