São Paulo, quarta-feira, 17 de maio de 2006

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BANDA LARGA

Usuários de internet via cabo não conseguem baixar conteúdo

Má conexão pára troca de arquivos

SÉRGIO VINÍCIUS
DA REPORTAGEM LOCAL

Assinantes dos provedores de internet rápida via cabo Ajato (www.ajato.com.br) e Vírtua (www.virtua.com.br) estão com dificuldades para usar programas de troca de arquivos na internet.
O problema começou a ocorrer maciçamente há cerca de dois meses. Mas há relatos de usuários dando conta de que a falha é recorrente e existe há mais tempo.
Programas de trocas de arquivos são comumente chamados de peer to peer (ou P2P), que, em português, significa ponto a ponto. Esse tipo de software permite aos internautas trocar arquivos on-line de forma rápida, diretamente entre os computadores de pessoas conectadas, sem passar por uma máquina central.
Uma das redes mais comuns para troca de arquivos -e também o principal alvo do empacamento na troca de dados- é a eDonkey (edonkey2000.com). Usuários do protocolo BitTorrent (www.bittorrent.com), que permite baixar da internet partes dos arquivos separadamente, também estão tendo problemas para receber arquivos.
A empresa Vírtua nega que estejam sabotando as conexões a programas de trocas de arquivo, e diz que não há nada de errado com a rede. A Ajato, em nota enviada à Folha, disse que houve uma instabilidade técnica da rede, mas que tudo já está normalizado.
Os usuários são categóricos ao afirmar que o problema só pode ser nos provedores. "Consigo fazer tudo o que quero na internet de forma fácil. Mas, quando vou me conectar a um programa P2P, a operação empaca", diz o artista plástico Marcelo Pereira, usuário do provedor Ajato.
O bancário Roberto Biollo, também usuário da Ajato, acredita que há bloqueio do provedor. "Só pode ser sabotagem. Já liguei no atendimento várias vezes e eles informam que o problema é do meu computador, e não da conexão deles."
Três usuários do provedor Virtua, que não quiseram se identificar, contaram problemas semelhantes com a conexão de programas P2P.
Na internet, é possível encontrar diversas listas de discussão sobre o assunto. Um das mais importantes é a Quero Meus P2P (br.groups.yahoo.com/group/quero_meus_p2p), criada em dezembro de 2005 e que possui 250 membros. Nela, os assinantes discutem meios de resolver o problema domesticamente, pois se dizem cansados de reclamar com as empresas e não receber ajuda.
"O que é mais absurdo é a empresa cortar o acesso, não dar satisfação nem admitir o erro", diz Joaquim da Rocha Cavalcanti, moderador da lista e usuário do Vírtua.
No site oficial do Azureus, um popular programa de troca de arquivos, há uma lista informando quais provedores de internet ao redor do mundo limitam o tráfego de dados. Entre diversos outros, o Vírtua é citado como um deles. É possível conferir a relação em azureus.aelitis.com/wiki/index.php/Bad_ISPs.
Para usuários que estão sofrendo com o problema, umas das saídas é criptografar os dados antes de enviá-los. A manobra não permite que softwares que barram as trocas de arquivos identifiquem o que está transitando na rede.
Se houver bloqueio dos provedores, não há como eles saberem o que está sendo transmitido. Mas, se não ocorrer o bloqueio, a artimanha não adiantará.
"Camuflar os dados, apesar de ser algo que requer um bom conhecimento técnico, é uma saída viável", diz o especialista em redes Rodrigo Galan.
Em torrentfreak.com/how-to-encrypt-bittorrent-traffic há um tutorial sobre como criptografar dados.


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