São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Avatar poderá cruzar fronteiras virtuais

MUNDOS ON-LINE > Sistema em desenvolvimento permitirá passear com a mesma figura por vários universos tridimensionais

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Anunciada a alforria dos avatares. Foi na semana passada, durante a Conferência e Feira de Mundos Virtuais, realizada em San José, na Califórnia. A IBM e a Linden Lab -criadora do Second Life- informaram que estão trabalhando juntas em um projeto que permitirá que um avatar criado por um usuário em determinado mundo virtual transite por outras comunidades mantendo o seu nome e outras características, como a aparência.
Da mesma forma que os internautas do mundo real navegam entre as páginas da internet, os avatares dessa maneira passeariam livremente entre os espaços na rede. Pode ser esse o passo que faltava para a concepção de uma verdadeira internet tridimensional (3D).
"Atualmente, em cada mundo que entro, tenho que construir um avatar", disse, na ocasião, Colin Parris, vice-presidente de convergência digital da IBM. "É um obstáculo para o desenvolvimento e a disseminação de mundos virtuais."
Criar um avatar pode levar horas, dependendo da quantidade de atributos requerida. Isso desestimula as pessoas a participarem de vários espaços, mas tal problema estaria resolvido com o passaporte que as companhias pretendem gerar.
"A IBM compartilha a nossa visão de que a interoperabilidade é a chave para a expansão contínua da internet 3D, e essa integração mais íntima beneficiará toda a indústria. Nosso desenvolvimento em código aberto de formatos e protocolos interoperáveis vai acelerar o crescimento e a adoção de mundos virtuais", comentou Ginsu Yoon, vice-presidente de negócios da Linden Lab. Ainda não há previsão de quando essa tecnologia estará disponível.
IBM e Linden Lab trabalham em outros projetos relacionados à internet tridimensional, como um que facilitaria a transferência de bens nos mundos virtuais -a troca de arquivos de música ou de vídeo.
O professor Edward Castronova, especialista em realidade virtual da Universidade de Indiana, aplaude todas essas idéias, mas pondera que, para um verdadeiro avanço dos mundos em 3D, os governos também precisam agir.
"Existe muita energia criativa em torno do assunto. Porém há problemas que não estão ao seu alcance resolver", disse ele à Folha.
"O principal deles é a propaganda indesejada, os spams. Quando estou entretido jogando, a toda hora me aparecem ofertas de remédios, convites para apostar em cassinos. As empresas querem ter o poder de barrar esse tipo de coisa, só que, para fazer isso, necessitam do apoio do governo, que deve fazer leis a respeito."
Na opinião do pesquisador, nunca será possível uma integração total e absoluta entre os diversos mundos virtuais.
"Vai haver quem queira ser exclusivo, alguém que tem um público restrito e não quer dividi-lo com outros. Mas será minoria, uns 20%", disse. "O que importa é que a iniciativa das empresas de facilitar a conexão entre eles dá poder de escolha ao indivíduo. E essa filosofia é a mais coerente com o espírito da internet."


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