São Paulo, quarta-feira, 17 de outubro de 2007

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Feira mostra tecnologia para idosos

Envelhecimento da população japonesa leva indústria a criar robôs e carros pensando nos mais velhos

HIROKO TABUCHI
DA ASSOCIATED PRESS

Quem ficar idoso no Japão deve se preparar para receber comida de um robô, andar em uma cadeira de rodas controlada pela voz e até mesmo contratar uma enfermeira robótica. Esses são exemplos dos dispositivos de alta tecnologia usados para atender a cada vez maior população de terceira idade do país asiático.
Desde carros com porta de fácil acesso a camas equipadas com controle remoto, as empresas do país passaram a oferecer uma série de artigos para consumidores de terceira idade. Quase 22% dos habitantes do Japão já possuem 65 anos ou mais e alimentam um mercado de tecnologia que movimentou US$ 1,08 bilhão em 2006, segundo dados do setor.
Em uma convenção sobre produtos para asilos e centros de reabilitação ocorrida no início do mês, em Tóquio, um grande número de interessados reuniu-se para ver uma demonstração do robô de alimentação My Spoon (minha colher), da Secom, que ajuda idosos ou pessoas com deficiência a comerem por meio de um braço giratório dotado de colher e garfo.
Mexendo em um joystick com o queixo, Shigehisa Kobayashi, um dos responsáveis pelo projeto, movimentou o braço rumo a uma delicada porção de tofu -queijo de soja-, conseguindo fazer o garfo retirar com destreza um pedaço do tamanho adequado para ser colocado na boca. O braço depois regressou para sua posição pré-programada, na frente da boca, permitindo a Kobayashi que mastigasse e engolisse a comida.
"Trata-se de permitir às pessoas que ajudem a si próprias", afirmou Kobayashi. A empresa dele, com sede em Tóquio, já vendeu 300 unidades do robô, que custa US$ 3.500. "Queremos dar aos idosos controle sobre suas próprias vidas", disse.
Um "paletó muscular" de borracha e náilon, desenvolvido pela Universidade Tóquio de Ciências, oferece um apoio discreto para ajudar as pessoas de idade a levantarem objetos pesados.
A cadeira de rodas inteligente Tao Aicle, da Fujitsu e da Aisin Seiki, lança mão de um sistema de posicionamento a fim de locomover-se sozinha até um destino preestabelecido. E usa sensores para detectar faróis vermelhos e sinais de pare. O aparelho também detecta obstáculos pelo caminho. E há os carros projetados para facilitar a entrada de pessoas que utilizam cadeira de rodas ou das que possuem dificuldade para se locomoverem, como a série Welcab, da Toyota. O slogan do produto diz: "Um carro mais paciente do que sua própria filha."
Quem cuida dos idosos também dispõe de produtos para ajudar na tarefa. Uma roupa robotizada de corpo inteiro funciona com 22 bombas de ar e ajuda os enfermeiros e as enfermeiras a içar das camas ou a colocar nelas os pacientes.
Sensores ligados à pele do usuário detectam quando os músculos estão tentando levantar algo pesado -e avisam as bombas de ar para que dêem o apoio requisitado.
Apesar de essa roupa fazer com que o usuário dela fique com a aparência do Robocop, um estudante pôde ser facilmente levantado de uma mesa em uma demonstração. Ele disse que se sentiu completamente confortável durante a experiência.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO

1,08
bilhão de dólares foi o movimento, no ano passado, do mercado de tecnologia para os maiores de 65 anos no Japão; 22% da população japonesa já completou essa idade


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