São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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Times brasileiros treinam para receber salário

Fabiana Beltramin/Folha Imagem
Grupo feminino LadieS.AMD, que recebe dinheiro para treinar


ESPECIAL PARA A FOLHA

O início do Mibr (Made in Brazil) foi bastante parecido com o da maioria dos clãs: tudo começou com amigos que se reuniam em LAN Houses para horas de diversão. Então os jogadores perceberam que tinham talento para a coisa e decidiram formar uma equipe em julho de 2002.
Hoje, o time é considerado o melhor do Brasil no jogo Counter-Strike. Ele tem sua própria LAN House no Rio de Janeiro e já representou o país em sete competições internacionais.
No ano passado, o Mibr conquistou o quinto lugar na CPL (Cyberathlete Professional League), em Dallas, EUA, a melhor colocação entre sul-americanos.
O Mibr é formado por Eduardo Corassa, 20, Eduardo Chagas, 22, Rafael Velloso, 17, Carlos Henrique Segal, 19, e Rafael Pavanelli, 18. Bruno Corassa, 25, irmão de Eduardo, é o administrador da equipe, que está ganhando status de empresa. Os seis recebem salário e Bruno cuida dos treinos da equipe, organiza as viagens, marca treinos com outros times e responde a e-mails de fãs.
Segundo o administrador, o Mibr treina todos os dias, das 16h às 21h, com alguns domingos de folga. "Em época de campeonato, a galera faz um intensivo. Treinamos com outros times cariocas ou vamos para São Paulo."
Indagado sobre regras de conduta, Bruno Corassa afirmou que ninguém pode se recusar a treinar em viagens: "É preciso cumprir o horário de treino diário e dar atenção aos fãs".
Durante competições internacionais, o Mibr também sente a pressão da platéia, que assiste aos jogos em telões. Na opinião de Corassa, algumas das características de um bom jogador são ter experiência, saber lidar com a pressão e ser frio.

Mulheres
Engana-se quem pensa que games são só para homens. Basta ir a uma LAN House para perceber o aumento do público feminino.
A equipe LadieS.AMD é formada só por mulheres: Claudia Shiro Miranda, 20, Natalia Sujian Ko, 19, Leticia Mayumi Nagao, 20, Paula Yuri Nishimura, 21, Michelle Jang, 23, e Nathália Tina, 19.
O início do clã foi em 2001, quando as amigas se reuniram para participar de um torneio. Com patrocínio, elas começaram a levar a sério a jogatina e passaram a treinar.
O clã LadieS.AMD admite que os ciberatletas masculinos têm maior dedicação e tempo disponível. "Além disso, são raras as meninas que abrem mão de algumas coisas para treinar e se dedicar. As mulheres acabam não priorizando tanto o jogo como os homens fazem", diz Claudia Shiro Miranda, integrante do grupo.
Indagada sobre machismo, Miranda afirma que o mundo dos games sempre foi muito dominado por homens. "Eles não aceitam perder e sempre arrumam uma desculpa para não ficar por baixo. Nós já enfrentamos todo tipo de preconceito e hoje somos mais respeitadas, porém esse preconceito não deixa de existir."
O clã feminino recebe patrocínio e também segue rotina. As garotas treinam de duas a três vezes por semana, com jornadas que duram seis horas. "Pode ser tático ou prático, quando os clãs confrontam outros times", diz. (TA)


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