São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2000

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INTELIGÊNCIA NA REDE
Cientistas buscam participação de internauta para desenvolver protótipo; saiba como participar da educação do computador
Sites tentam criar máquina que raciocina

BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o cineasta Stanley Kubrick filmou "2001", que conta a história de uma missão espacial a Júpiter, a inteligência artificial passou a fazer parte dos sonhos de milhões de pessoas: quem nunca quis conversar com um computador tão arguto quanto HAL 9000, protagonista do filme?
Na época, futurólogos chegaram a prever que a tecnologia para construí-lo surgiria em poucas décadas, mas, 30 anos depois, a era das máquinas superinteligentes ainda não chegou.
No que depender da vontade de alguns cientistas, ela poderá começar nos próximos anos: com a ajuda dos internautas, eles querem criar computadores capazes de pensar e responder a centenas de milhões de perguntas.
Há dois projetos, que funcionam de maneira parecida: o voluntário visita um site, cadastra-se e começa a educar o computador, contando histórias, mostrando fotos e ajudando-o a compreender diversos assuntos.
No projeto MindPixel, o objetivo é coletar (em dez anos) 1 bilhão de mindpixels, unidades de conhecimento representadas por conjuntos de perguntas elementares ("é possível ouvir a luz?") ou curiosas ("ver muita TV deixa as pessoas mais burras?").
"Novecentos milhões de mindpixels serão usados para treinar a máquina, que deverá responder a perguntas baseando-se no conhecimento fornecido pelos internautas", afirma Chris McKinsky, cientista que criou o projeto.
Segundo ele, quando o computador acertar todas as respostas, estará pronto para o teste definitivo: "A máquina deverá responder sozinha a mais 100 milhões de perguntas; quando acertar todas, será cientificamente idêntica a um ser humano respondendo a questões similares", disse à Folha.
O projeto OpenMind, em desenvolvimento no MIT (Massachusetts Institute of Technology), também tem metas ambiciosas: "Com o conhecimento dos internautas, poderemos construir robôs e computadores inteligentes, capazes de conversar como uma pessoa normal", afirma Push Singh, criador do sistema.
"O futuro da inteligência artificial está em atrair a atenção do público, e outros projetos baseados na ajuda dos internautas certamente surgirão", completa.



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