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MEDICINA DE PONTA
Pesquisa do MIT desenvolve sistema para acompanhar saúde, marcar consulta e indicar tratamento
"Anjo da guarda" será testado na Internet
ALISON MOTLUK
DA "NEW SCIENTIST"
Você faz um exame e seu médico diz que sua pressão está boa.
Você pergunta o que quer dizer
"boa", ele sorri e diz para que não
se preocupe. Suas queixas são
consideradas "normais", e você
não se preocupa em diferenciar
bilirunina de biorritmo.
Aí você chega aos 40, muda-se
para uma nova cidade e desenvolve uma doença no fígado. O novo
médico pergunta sobre seus antecedentes. Você percebe que, na
prática, não sabe nada sobre eles.
É aí que entra Peter Szolovits,
cientista da computação no MIT.
Szolovits está criando um companheiro eletrônico pessoal que administraria sua ficha médica do
berço ao túmulo. Ela pertenceria a
você, não ao seu médico.
Mas unificar fichas e colocá-las
nas mãos dos pacientes é só o começo da idéia de Szolovits. O que
ele quer é um sistema inteligente
que não só armazene informação,
mas a reúna ativamente, interprete-a e alerte o paciente quanto a
possíveis perigos e para as mais
recentes pesquisas médicas. Não
só isso: o sistema aprenderia ainda a conhecer suas preferências,
ajudaria a marcar consultas e ofereceria conselhos amistosos. Por
isso é adequado que Szolovits o
tenha batizado de "anjo da guarda".
Fantasioso? Talvez não. Ainda
neste ano, os "anjos da guarda" de
Szolovits serão ativados para cem
recém-nascidos em Boston. Como supostamente fazem os anjos,
eles vão ficar flutuando invisíveis.
Na prática, são contas em um
computador seguro.
Os pais que matricularem seus
filhos receberão um envelope
com um endereço na Internet,
um nome de usuário e uma senha
para verificar a ficha médica de
seus filhos.
Os "anjos" os acompanharão
desde seu nascimento, registrando todos os eventos médicos pelos quais passarem. Com o tempo,
os "anjos da guarda" vão comentar o desenvolvimento das crianças, oferecer dicas úteis, enviar
alertas de vírus ou drogas e explicar problemas médicos.
Szolovits reconhece que as
questões que eles querem responder nesse primeiro estudo são básicas. As pessoas conseguirão entender como usar o sistema? Os
pediatras cooperarão?
Minutos depois de seu nascimento, uma amostra do sangue
de um bebê é normalmente retirada para exames de doenças como sífilis e fenilcetonúria.
Os resultados são reportados ao
Estado e, em caso de anomalia, ao
pediatra. "Mas não a você", diz
Szolovits. Para os cem bebês envolvidos na primeira pesquisa, o
programa receberá a informação
e oferecerá dicas sobre como interpretá-la.
Também registrará detalhes do
nascimento -duração do parto,
cirurgia, aparência do bebê e traços genéticos relevantes.
À medida que cada bebê se desenvolve, o sistema acompanha
seu progresso. Visitas ao pediatra
acontecem na segunda e sexta semana de vida. O peso e altura do
bebê são medidos, e ele recebe vacinas contra doenças comuns. O
"anjo da guarda" anotará tudo.
Parte da informação terá de ser
inserida manualmente em um
computador, mas todos os dados
de laboratório serão transmitidos
automaticamente.
As pessoas terão acesso aos dados com um PC, um notebook,
um palmtop ou qualquer aparelho que surgir. Os dados serão
mantidos em um servidor de
acesso público seguro. "Se você
codifica bem os dados", diz Szolovits, "o melhor local de armazenagem é um sistema público".
Tradução de Paulo Migliacci.
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