KEVIN J. O'BRIEN
DO "NEW YORK TIMES"

A comissária europeia da área digital, Neelie Kroes, deve anunciar hoje um plano quinquenal para a indústria de telecomunicações na Europa, englobando assuntos como direitos autorais digitais, proteção de dados, comércio eletrônico e a neutralidade da rede.
Seu objetivo, é criar um mercado único de telecomunicações na União Europeia, de modo que qualquer cidadão possa usar o celular, mandar mensagens de texto ou navegar na internet em qualquer das 27 nações do bloco sem pagar taxas exorbitantes para as operadoras de telefonia móvel.
O plano prevê o reforço da proteção a privacidade on-line e impede que que as operadoras limitem o conteúdo que trafega em suas redes, segundo um texto prévio do projeto obtido pelo "The International Herald Tribune".
Ao longo de 39 páginas, o documento estabelece algumas regras gerais, mas não traz luz sobre questões como a determinação de limites de preços cobrados para o tráfego de dados ou download de arquivos, tal como acontece com as taxas de roaming. Kroes não comentou o texto vazado, que também analisa a questão da neutralidade da rede -todos os usuários da internet devem ser tratados de forma igual, independentemente de seu uso.
As operadoras de telefonia da Europa querem acabar com a neutralidade da internet, tratando os usuários da web de maneira diferente, baseado no consumo de cada um. Argumentam que, se não forem capazes de impor restrições aos consumidores mais vorazes da banda larga, que representam tipicamente 15% dos clientes mas que geram 80% do tráfego, a maioria dos usuários da rede terá acesso a um serviço ruim.
Em Bruxelas, Neelie Kroes, comissária europeia da área digital, planeja realizar uma consulta pública, neste verão europeu, sobre neutralidade na rede, que poderá levar à criação de novas leis ou regulamentações para operadoras.
No início deste ano, Kroes pediu às operadoras móveis que não bloqueassem ou impedissem em suas redes o acesso a serviços de voz pela internet como o Skype.
O congestionamento é algo mais problemático para as operadoras móveis de banda larga do que a cabo. Isso porque a capacidade da banda larga sem fio é limitada pelo potencial que cada estação tem para processar as operações da web.
Quanto maior o número de usuários por estação, menor será o desempenho de cada um deles.
Para evitar engarrafamentos, as operadoras usam técnicas como "traffic shaping" (modelação do tráfego), a fim de organizar o fluxo e garantir um serviço básico para todos os usuários, ou "throttling" (estrangulamento, na tradução literal), a fim de aplicar uma desaceleração generalizada no fluxo de grandes conjuntos de dados.