|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Congressistas norte-americanos propõem alterar programas para facilitar espionagem; internautas reagem
EUA estudam reduzir privacidade on-line
BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas semanas depois dos atentados contra o Pentágono e o
World Trade Center, o Congresso
e o governo dos EUA procuram
restringir a privacidade das comunicações on-line: depois de
aprovar um projeto que facilita o
grampo de e-mails pelo FBI, o Senado norte-americano discute alterar programas de criptografia
(codificação de dados) para facilitar a espionagem governamental.
Com a nova legislação, qualquer
promotor estadual dos EUA poderá solicitar sem mandado judicial a instalação do DCS 1000 (antigo Carnivore), sistema do FBI
que rastreia mensagens de e-mail
em busca de palavras suspeitas.
Segundo congressistas norte-americanos, programas de criptografia disponíveis na internet podem ter ajudado os terroristas
responsáveis pelos atentados, que
os teriam empregado para manter secretas suas comunicações.
Por esse motivo, eles propõem
uma modificação nesses programas, que passariam a trazer brechas técnicas para facilitar a decifração de comunicações pelo governo dos EUA.
A medida parece agradar a
americanos: em uma pesquisa
realizada pela empresa Princeton
Research Associates, 54% dos entrevistados disseram que apoiariam "uma redução na criptografia" de seus telefonemas e e-mails
para ajudar o FBI e a CIA a monitorar supostos terroristas, mesmo
que isso prejudicasse a privacidade das pessoas comuns.
Há quem discorde: para o programador Rob Carlson, que semana passada organizou debates
relacionados à privacidade on-line, "pode ser perigoso regular ou
proibir a criptografia sem pensar
nas consequências disso".
Carlson criou um site (http://vees.net/freedom) em que procura mostrar a importância da
criptografia no dia-a-dia das pessoas comuns e pretende convencer internautas a escrever para
congressistas protestando contra
a limitação dessa tecnologia.
Outra voz discordante é a do
programador John Gilmore, um
dos fundadores da Electronic
Frontier Foundation (www.eff.org), organização que defende
a privacidade na rede.
Para Gilmore, os internautas
devem se unir para proteger os
softwares de criptografia. Em um
manifesto publicado no endereço
http://freshmeat.net/articles/view/298, ele pede aos usuários
que criem sites hospedados em
computadores fora dos EUA para
distribuir programas de codificação antes que eles sejam proibidos ou modificados pelo governo
norte-americano, o que poderá
acontecer "bem rapidamente".
O programador Phil Zimmermann (http://web.mit.edu/prz),
que já foi perseguido por autoridades norte-americanas por ter
criado e distribuído o software de
codificação PGP,
diz que "é provável" que o programa tenha sido usado por terroristas, mas acha que não adiantaria modificá-lo, pois os terroristas recorreriam a outras ferramentas disponíveis na rede.
Depois dos ataques, Zimmermann recebeu um e-mail em que
o remetente o acusa de tê-los ajudado e diz: "Espero que você consiga dormir com o sangue de
5.000 vítimas em suas mãos".
Zimmermann diz que não se arrepende de ter criado o PGP, pois,
"no fim das contas, a criptografia
é algo que faz bem à sociedade" e
favorece os direitos humanos.
Apesar da maré contrária, as
pesquisas continuam. Na semana
passada, um grupo de cientistas
da Stanford University, nos EUA,
criou um sistema que poderá tornar a criptografia mais fácil de
usar: a tecnologia, que já pode ser
testada gratuitamente pelos internautas (http://crypto.stanford.edu/ibe), promete simplificar a
codificação de e-mails em programas comuns.
Texto Anterior: Faça exercícios de gramática Próximo Texto: Tecnologia dificulta a espionagem Índice
|