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Mulheres se afastam das ciências da computação
Nos EUA e Canadá, presença feminina é de apenas 12% entre os diplomados em cursos de graduação em universidades que também oferecem doutorado
RANDALL STROSS
DO "NEW YORK TIMES"
Ellen Spertus, estudante de
pós-graduação do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), perguntava-se por
que o encontro sobre computação de que participara quando
jovem tinha uma proporção de
seis homens para cada mulher.
E por que apenas 20% dos estudantes de graduação eram do
sexo feminino?
Em 1991, ela publicou um artigo de 124 páginas, "Why Are
There So Few Female Computer Scientists?" (por que há tão
poucas cientistas de computação?, em tradução livre), no
qual catalogou preconceitos
que desencorajam mulheres a
buscar uma carreira na área.
Hoje, há até menos mulheres
ingressando nesse campo.
Em geral, nas áreas técnicas,
as mulheres chegaram à paridade: considerando os diplomados em todos os campos da
ciência e da engenharia, a presença feminina foi de 51% em
2004/5, subindo de 39% em
1984/5, segundo a National
Science Foundation.
Em contrapartida, em 2001/
2, somente 28% de todos os diplomas de graduação em ciências da computação foram certificados às mulheres. Em
2004/5, o número caiu para
apenas 22%.
Dados coletados pela Computer Research Association revelaram um número menor
ainda de mulheres em universidades que desenvolvem pesquisa: 12% dos diplomas da
área, nos Estados Unidos e no
Canadá, concedidos em 2006/
7, por instituições com cursos
de Ph.D, número menor que os
19% registrados em 2001-2.
Em 1998, quando Spertus
conseguiu o seu Ph.D em ciências da computação, as mulheres recebiam 14% das bolsas de
doutorado na área. Atualmente, ela é professora-assistente
no Mills College e cientista-pesquisadora do Google.
A sua história fortalece a hipótese de Jane Margolis, co-autora de "Unlocking the Club-
house: Women in Computing"
(destrancando o clube: mulheres na computação), segundo a
qual o ambiente familiar influencia nas decisões profissionais.
Margolis afirma que "muitas
das garotas que cursam ciências da computação vêm de famílias de cientistas da computação e engenheiros".
Há 25 anos, as ciências da
computação, nas faculdades e
universidades, atraíam mais
mulheres jovens do que hoje
em dia. De 1971 a 1983, o número de mulheres que ingressavam no primeiro ano da faculdade com a intenção de se formarem em ciências da computação aumentou oito vezes, de
cerca de 0,5% para 4%.
Jonathan Kane, professor de
matemática e ciências da computação na Universidade de
Wisconsin-Whitewater, lembra-se dos meados da década de
1980, quando as mulheres representavam 40% dos estudantes com ênfase em gerenciamento de sistemas de computação, a segunda especialização
mais procurada no campus.
Mas, logo depois, o número
de estudantes com ênfase nessa
área caiu aproximadamente
75%, o que refletia uma tendência nacional.
E o número de mulheres diminuiu ainda mais. Sua teoria é
que as jovens do sexo feminino
antes se sentiam à vontade para
escolher essa especialização
porque a subcultura masculina
dos games de ação ainda não tinha surgido.
Para a escritora Justine Cassell, um problema é a figura do
maníaco por computação
-geek ou nerd. "As meninas ou
jovens não querem ser essa
pessoa", disse.
Já Spertus considera: "Se as
mulheres não quiserem entrar
na área de computação, tudo
bem. O problema é se houver
barreiras artificiais que as impeçam de fazer sua escolha."
Pelo menos, nós sabemos de
uma coisa: é possível ter aproximadamente o mesmo número de homens e mulheres nos
cursos de ciências da computação. Os cursos, 25 anos atrás,
eram basicamente assim.
Tradução de
FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
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