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O PERSONAGEM
Spam é o grande problema, diz pioneiro da rede
RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA
O professor Leonard Klein-
rock é, junto com Vinton Cerf e
outros cientistas, um dos criadores da internet. De seu laboratório, na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla),
partiu a mensagem, no dia 29
de outubro de 1969, que colocou em contato os primeiros
computadores da Arpanet,
precurssora da rede tal como é
hoje (www.lk.cs.ucla.edu/first_words.html). Kleinrock,
70, ainda está na Ucla e participa da direção e de conselhos
de várias empresas de alta tecnologia. Nesta entrevista, ele
comenta os primeiros e os próximos passos da internet.
Folha - Quais são os maiores
problemas da internet hoje?
Leonard Kleinrock - Spam [e-mails comerciais indesejados]
e outros assuntos do lado nebuloso da rede. Privacidade
versus segurança.
Folha - Como esses problemas
devem ser enfrentados?
Kleinrock - Uma boa medida
contra o spam seria criar uma
taxa para sites que mandam
uma quantidade muito maior
de e-mails do que deveriam, se
tivessem uma atividade comercial comum. Melhores protocolos de autenticação também
ajudariam.
Folha - Como o senhor avalia a
questão da segurança da importância econômica da rede?
Kleinrock - Segurança é o outro lado da privacidade, e o
equilíbrio entre as duas é difícil
e crítico. Precisamos de garantias de que a privacidade e as liberdades individuais ficarão
protegidas. Uma questão fundamental é discutir como oferecer acesso à internet a todos,
no mundo todo, a baixo custo.
Folha - Há quem diga que uma
nova internet, mais rápida e
mais segura, já é necessária...
Kleinrock - Bem, já existe a Internet2, que é uma rede mais
rápida, mais confiável e com
menos spam, mas eu acredito
que a internet convencional é
onde está a ação, e nós deveríamos fazer todo o possível para
torná-la mais aceitável para todos os usuários.
Folha - Chega de futuro. Vamos falar do que aconteceu no
dia 29 de outubro, há 35 anos. O
senhor imaginava que a rede
que estavam criando iria se
transformar no que é hoje?
Kleinrock - Eu tinha muitas
idéias sobre o que essa tecnologia emergente iria significar e
como ela iria evoluir. Mais de
três meses antes de a internet
nascer, em meu laboratório, a
Universidade da Califórnia em
Los Angeles lançou um comunicado em que articulo idéias
sobre o futuro da rede. Dizia
que a internet seria onipresente, sempre acessível e sempre
no ar; que qualquer um seria
capaz de ligar qualquer equipamento à rede, de qualquer lugar; e que a rede seria invisível.
Mas eu nunca nem sequer pensei em prever que minha própria mãe, aos 97 anos, seria
uma internauta. Ou seja, não
consegui prever, naquele momento, a maneira como ela iria
atingir a todos, em todo lugar, e
como iria ter impacto, repercussão, em todos os aspectos
de nossa vida neste século 21.
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