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Para especialistas, inventar é natural
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Há algo de errado em entrar em
salas de bate-papo (com ou sem
vídeo) com um nome diferente e
agir como uma outra pessoa?
Não, na opinião de especialistas,
para quem isso pode inclusive ser
um estímulo para a descoberta da
dinâmica da personalidade.
Para Fabiana Maiorino, psicóloga que faz parte do Cimid (Centro
de Investigação sobre Mídias Digitais), o que possibilita o exercício dessa liberdade nas salas de
bate-papo é a ausência de um vigia -ou seja, a pessoa pode se liberar e se tornar quem quiser.
Segundo ela, não é a rede que
provoca esse tipo de atitude: a Internet apenas potencializa um
sentimento que já existe.
"A causa principal da necessidade de criação é a própria dinâmica social, que não dá visibilidade para essas pessoas. Na Internet, elas podem usar o anonimato
para ter uma personalidade que
os outros apreciam", afirma.
Na opinião da escritora Roberta
Rizzo, a invenção em salas de bate-papo é uma forma natural de
extravasar sentimentos. "E também há o fator fantasia", diz.
Para ela, apenas em casos extremos pode ser constatada uma fuga da realidade.
Ela acredita que as previsões sobre o videopapo -dizendo que
ele não "pegaria"- não deram
certo. "Você pode vestir um personagem, e aquilo pode ser um
grande barato para você."
Rizzo passou dois anos estudando relacionamentos em salas
de bate-papo. Depois, escreveu o
livro "O Amor na Era da Internet", cuja versão eletrônica está
em www.hotbook.com.br.
Já a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, acredita que as
relações em salas de videopapo,
como em um bate-papo convencional, podem servir como uma
"ponte de relacionamento", possibilitando o contato entre grupos
e pessoas que jamais se conheceriam na "vida real".
Mas ela não acredita que a utilização de salas de bate-papo somente para combinar encontros
que saiam do virtual, com fins sexuais, seja tão natural. "É um tipo
de comportamento que pouco difere da prostituição", afirma.
"Essa necessidade do prazer
imediato demonstra uma característica infantil: o impulso é o que
vale", conclui a psicóloga.
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