São Paulo, Quarta-feira, 31 de Março de 1999
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Cemitérios virtuais, seitas satânicas e correntes da arte obscura convivem na rede mundial
Conheça o lado dark da Internet

GISELLE COURA
da Reportagem Local

Morrer todo mundo morre: é a única certeza que temos na vida.
Mas como conviver com a assustadora promessa da morte enquanto ainda estamos vagando pelo mundo? Muita gente na Internet acredita ter achado a resposta: páginas, bate-papos, listas e fóruns de discussão, todos os recursos possíveis tratam do assunto.
Morte pode, por exemplo, ser fonte de arte. Afinal, ela tem ao longo dos séculos inspirado poetas, escritores, músicos e artistas plásticos. Os cultores dessa estética encontraram na Internet um bom lugar para o intercâmbio de produção artística e idéias.
Hoje há fanzines com temas darks, bibliotecas virtuais, galerias de arte on line e recursos voltados para o lado mais sombrio da arte.
Em www.general.com.br/sepia/, há desde músicas de bandas góticas a livros inteiros traduzidos para o português, como "A Morta Amorosa", do escritor francês do século 19 Théophile Gautier.

Saudade, terror e humor
A Internet também deu atenção a outro lado da morte: a dor de amigos e parentes de quem parte. Homenagens, tributos e memoriais se espalham pela rede, e o surgimento dos cemitérios virtuais, como o site do World Gardens (www.worldgardens.com), veio ajudar no conforto de quem fica. Já é possível sepultar on line parentes ou amigos que morreram e criar memoriais para quase tudo, de ídolos a bichos de estimação.
Há também quem brinque com a morte na rede: existem vários sites de humor negro. Ou na forma de idéias elegantes, como a página de frases e provérbios sobre morte do site Palavras (www.leaw.vserver.com.br), ou como outras de gosto duvidoso-como o "Death Clock" (www.deathclock.com), o relógio que calcula quantas horas faltam para o visitante morrer- esses sites provam que o assunto não é tão assustador.
Outra face da morte na Internet é bem mais séria: sites de assuntos delicados, como eutanásia, suicídio e aborto, apoiando ou se opondo ferozmente a esses temas. A polêmica é forte e, por várias vezes, a discussão sai da Internet e vira tragédia: por causa de material divulgado na rede, já aconteceram crimes -assassinatos, atentados e indução a suicídios coletivos, como aconteceu com a seita "Heaven's Gate", nos EUA.


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