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Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
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Aumento na venda de bilhetes não compensa a queda no preço das passagens aéreas
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AVIAÇÃO
Aumento na venda de bilhetes em rota nacional, em 25%, não traz lucro, porque preço das passagens cai 35%
Empresas aéreas devem ter prejuízo em 98
SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local
Há mais gente viajando de avião
no Brasil, a partir deste ano, mas
isso não se traduziu em lucros para as empresas de transporte aéreo. Ao contrário, as maiores
companhias de aviação do país devem fechar o ano com prejuízo.
As empresas já não vinham bem.
E, neste ano, com a liberalização
das tarifas aéreas, começaram a
enfrentar a concorrência de verdade. O problema, segundo o brigadeiro Mauro Gandra, é que enquanto o movimento de passageiros aumentou mais de 25%, até
agosto, nas rotas nacionais, os
preços caíram em média 35%.
Gandra é o presidente do Sindicato das Empresas Aeroviárias e
ex-ministro da Aeronáutica.
Ele concorda com a avaliação de
analistas do mercado financeiro,
que não vêem motivo para melhorar até dezembro.
"O segundo semestre, que sempre é melhor para as empresas, era
a esperança. Mas, agora, nada é
animador", afirmou Gandra.
Segundo ele, a chamada guerra
das tarifas não pode ser apontada
como a culpada por qualquer dificuldade que o setor atravesse.
As empresas fizeram um investimento, reduzindo os preços. Mais
de 250 mil passageiros se tornaram usuários de aviões e não querem mais voltar para o seguimento rodoviário, diz Gandra.
"As empresas vivem um grande
dilema, pois terão de reduzir o número de vôos que estão dando
prejuízo", afirmou Gandra.
Balanços negativos
A TAM foi a única entre as quatro maiores que registrou lucro no
primeiro semestre deste ano, de
acordo com balanço publicado
pela empresa: US$ 7,36 milhões.
A Varig e a Vasp tiveram prejuízo de US$ 170,11 milhões e US$
36,22 milhões, respectivamente.
Projetando o resultado semestral para o restante do ano, pode-se concluir que é grande a
chance de as empresas verem seus
lucros reduzidos.
Na TAM, a indicação é que o lucro cairá pela metade com relação
ao desempenho do ano passado
(lucro de US$ 31,86 milhões).
"Para as empresas, 98 não foi
um bom ano", afirmou Mário Alberto Coelho, diretor da Austin
Asis -empresa especializada na
análise de balanços.
Mais do que problemas com a
receita, o custo do endividamento
é que aumenta as dificuldades.
Além disso, os balanços têm sido
vistos com certa reserva pelo mercado. Exemplos: a inclusão de valor relativo a ganho judicial, ainda
não pago, como receita pela
Transbrasil, no balanço do ano
passado, ou de juros abaixo dos de
mercado em dívidas da Varig.
A Transbrasil ainda não publicou o balanço do primeiro semestre. Os números estão passando
por uma auditagem e serão publicados no fim do mês, disse o assessor de imprensa, Jorge Honório.
O balanço publicado em março
acusou um prejuízo de US$ 51 milhões. Segundo Honório, a empresa deverá zerar tudo o que deve à
União (cerca de R$ 600 milhões,
de acordo com a Transbrasil) ao
término da negociação iniciada há
cerca de três meses.
Ainda restariam R$ 400 milhões
a receber -isso tudo por conta de
decisão judicial que deu ganho à
Transbrasil no valor de R$ 1,2 bilhão. A empresa sabe que não conseguirá receber tudo, mas, zerando os débitos com a União, seu balanço deverá ficar em melhor forma, dizem especialistas.
Segundo o brigadeiro Gandra, as
empresas ainda poderão sofrer
mais com o ajuste fiscal pretendido pelo governo. A Varig tem quase metade do seu movimento no
turismo externo, a Transbrasil,
24% (incluindo vôos fretados).
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