São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2000


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PROTEÇÃO
Serviço é restrito para clientes nas poucas instituições que o mantêm; falta de segurança norteia a decisão

Bancos desativam seus cofres de aluguel

PAULA DE SANTIS
DA REPORTAGEM LOCAL



Guardar dinheiro embaixo do colchão parece lenda, mas não é. Os assaltos que vêm assolando as cidades, principalmente as capitais, mostram que ainda há muita gente que transforma a casa em cofre e faz a alegria dos ladrões. Afinal, eles sempre encontram dinheiro, jóias, documentos e obras de arte.
Mas não era para menos. A insistência em guardar dinheiro em casa pode ser explicada pela escassez de cofres de aluguel e pela insegurança que esse serviço- raro e restrito- envolve. As instituições financeiras preferem não falar sobre o assunto.
O BankBoston, o Itaú e o Personnalité Itaú (antigo Banco Francês e Brasileiro) oferecem o serviço apenas para clientes. Neste último, os cofres ficam em apenas duas agências e já estão todos ocupados. Segundo a assessoria de imprensa do banco, limitar o serviço foi uma decisão estratégica da diretoria.
O Unibanco baniu os cofres de sua oferta de serviços há cerca de oito anos por causa da falta de segurança. "O banco foi assaltado duas vezes, e o prejuízo foi grande. O serviço é perigoso", afirma Danilo Mansur, vice-presidente de agências. Safra, Santander, BBVA, ABN Amro e Banerj não oferecem cofres de aluguel nem para clientes.
Como os usuários não são obrigados a declarar o que guardam ali, é difícil fazer um seguro dos bens. Sem o serviço, os bancos evitam conflitos com os clientes a respeito dos valores, na hora de ressarcir um eventual prejuízo.
Além disso, reforça a transparência da instituição em relação à sociedade. "Os bancos não querem ficar com a imagem de que guardam valores de origem ilícita", diz Mansur.
A seguradora Sul América tinha um cofre no Rio de Janeiro, famoso por sua segurança inviolável, que também foi assaltado. Por conta disso, o serviço foi desativado há dois anos.
O seguro desse tipo de serviço costuma ser arriscado, já que fica fácil armar um golpe. "Algumas seguradoras estabelecem o limite de cobertura no contrato", diz Mansur, que não encontrou uma empresa de segurança que oferecesse um padrão satisfatório para os cofres do Unibanco na época.
O Citibank é um dos poucos bancos que mantêm cofres para clientes, sem previsão para desativá-los, e que não se importa de falar sobre o assunto.
Os aluguéis semestrais variam de R$ 110 a R$ 415. Segundo Alexandre Serejo, gerente de produto da instituição, são 13 mil cofres distribuídos nas agências de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre -90% ocupados.
A Caixa Econômica Federal também oferece cofres para seus clientes. Mas eles estão em apenas cinco agências: duas na cidade de São Paulo, uma na região metropolitana da capital paulista e duas em Porto Alegre. Segundo Celina Lopes, superintendente nacional de produtos para pessoas físicas da CEF, o aluguel varia de R$ 65 a R$ 175 por semestre, e as taxas de ocupação são altas.
Serejo, do Citi, supõe que a maioria dos bancos esteja desativando o serviço por causa do custo. "Além do espaço, o aparato de segurança é caro", afirma. Ele chegou a conversar com algumas seguradoras para proteger os clientes e o banco. Mas a cobertura seria definida de acordo com a média dos valores -que nem todos declaram. "Ia encarecer o serviço, e muitos não iriam ficar satisfeitos", diz.


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