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PROTEÇÃO
Serviço é restrito para clientes nas poucas instituições que o mantêm; falta de segurança norteia a decisão
Bancos desativam seus cofres de aluguel
PAULA DE SANTIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Guardar dinheiro embaixo do
colchão parece lenda, mas não é.
Os assaltos que vêm assolando as
cidades, principalmente as capitais, mostram que ainda há muita
gente que transforma a casa em
cofre e faz a alegria dos ladrões.
Afinal, eles sempre encontram dinheiro, jóias, documentos e obras
de arte.
Mas não era para menos. A insistência em guardar dinheiro em
casa pode ser explicada pela escassez de cofres de aluguel e pela
insegurança que esse serviço-
raro e restrito- envolve. As instituições financeiras preferem não
falar sobre o assunto.
O BankBoston, o Itaú e o Personnalité Itaú (antigo Banco
Francês e Brasileiro) oferecem o
serviço apenas para clientes. Neste último, os cofres ficam em apenas duas agências e já estão todos
ocupados. Segundo a assessoria
de imprensa do banco, limitar o
serviço foi uma decisão estratégica da diretoria.
O Unibanco baniu os cofres de
sua oferta de serviços há cerca de
oito anos por causa da falta de segurança. "O banco foi assaltado
duas vezes, e o prejuízo foi grande. O serviço é perigoso", afirma
Danilo Mansur, vice-presidente
de agências. Safra, Santander,
BBVA, ABN Amro e Banerj não
oferecem cofres de aluguel nem
para clientes.
Como os usuários não são obrigados a declarar o que guardam
ali, é difícil fazer um seguro dos
bens. Sem o serviço, os bancos
evitam conflitos com os clientes a
respeito dos valores, na hora de
ressarcir um eventual prejuízo.
Além disso, reforça a transparência da instituição em relação à
sociedade. "Os bancos não querem ficar com a imagem de que
guardam valores de origem ilícita", diz Mansur.
A seguradora Sul América tinha
um cofre no Rio de Janeiro, famoso por sua segurança inviolável,
que também foi assaltado. Por
conta disso, o serviço foi desativado há dois anos.
O seguro desse tipo de serviço
costuma ser arriscado, já que fica
fácil armar um golpe. "Algumas
seguradoras estabelecem o limite
de cobertura no contrato", diz
Mansur, que não encontrou uma
empresa de segurança que oferecesse um padrão satisfatório para
os cofres do Unibanco na época.
O Citibank é um dos poucos
bancos que mantêm cofres para
clientes, sem previsão para desativá-los, e que não se importa de falar sobre o assunto.
Os aluguéis semestrais variam
de R$ 110 a R$ 415. Segundo Alexandre Serejo, gerente de produto
da instituição, são 13 mil cofres
distribuídos nas agências de São
Paulo, Rio de Janeiro, Campinas,
Recife, Salvador, Brasília, Belo
Horizonte, Curitiba e Porto Alegre -90% ocupados.
A Caixa Econômica Federal
também oferece cofres para seus
clientes. Mas eles estão em apenas
cinco agências: duas na cidade de
São Paulo, uma na região metropolitana da capital paulista e duas
em Porto Alegre. Segundo Celina
Lopes, superintendente nacional
de produtos para pessoas físicas
da CEF, o aluguel varia de R$ 65 a
R$ 175 por semestre, e as taxas de
ocupação são altas.
Serejo, do Citi, supõe que a
maioria dos bancos esteja desativando o serviço por causa do custo. "Além do espaço, o aparato de
segurança é caro", afirma. Ele
chegou a conversar com algumas
seguradoras para proteger os
clientes e o banco. Mas a cobertura seria definida de acordo com a
média dos valores -que nem todos declaram. "Ia encarecer o serviço, e muitos não iriam ficar satisfeitos", diz.
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