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Aplicação de longo prazo em DI é corroída por taxas
SANDRA BALBI
EDITORA DO FOLHAINVEST
O investidor que está procurando abrigo para seu dinheiro nos
fundos DI, considerados pelos
analistas como os mais seguros
para atravessar períodos de grande incerteza como o atual, deve ficar atento para o custo desse investimento.
Quanto mais tempo você tiver
de ficar sob esse guarda-chuva,
caso a crise internacional se prolongue, maior será a mordida nos
seus ganhos, por conta da taxa de
administração do fundo.
Isso porque o rendimento dos
DI é determinado pela taxa do
CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é a média dos
juros praticados nos negócios entre os bancos, descontada a taxa
de administração paga ao banco.
"No curto prazo, o impacto da
taxa sobre o rendimento é pequeno, mas em um período longo ela
pode representar uma perda significativa", observa André Oda,
coordenador do Guia de Fundos
do Labfin da FIA-FEA/USP (Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Um estudo preparado pelo Labfin, com exclusividade para a Folha, mostra que quem aplicou R$
1.000, em julho de 1994, em um
fundo DI chegou ao final de setembro deste ano com R$
5.828,09. O estudo considerou a
rentabilidade acumulada durante
o Plano Real pelos fundos DI que
exigem aplicação inicial de, no
mínimo, R$ 5.000.
Esses mesmos R$ 1.000, se fossem remunerados pela taxa integral do CDI, valeriam no final do
mês passado R$ 6.221,89. "A diferença é o que o investidor pagou
de taxas para o banco", diz Oda.
É bem verdade que raríssimos
fundos repassam o rendimento
integral do CDI. Mas, segundo
Oda, a comparação é válida para
mostrar que, ao longo do tempo,
vai aumentando o hiato entre o
rendimento do CDI e o do fundo,
ou seja, cresce o peso da taxa de
administração (veja gráfico).
Ele ressalta que, para reduzir tal
defasagem, o investidor, especialmente aquele com poucos recursos, deve buscar fundos com taxas
de administração baixas. "Os fundos que aceitam aplicações menores são os que cobram as maiores taxas de administração", diz.
Fundo-mãe
Uma opção para pagar menos
taxas é evitar aplicações em FACs
(Fundos de Aplicação em Cotas).
Esses fundos captam o dinheiro
do investidor e o aplicam em um
fundo-mãe, um FIF (Fundo de Investimento Financeiro).
Essa é uma forma de os grandes
bancos minimizarem os custos de
gestão da carteira de investimentos e ampliarem o leque de captação. "Na estrutura das grandes
administradoras de recursos, toda a gestão e a carteira de ativos
estão no FIF", diz Gabriel Amado
de Moura, diretor de investimentos do banco1.net.
O problema, para o investidor, é
que ao aplicar em um FAC ele paga duas taxas: a desse fundo e a do
fundo-mãe. Nem todas as instituições, entretanto, divulgam o
total das taxas cobradas, limitando-se a informar apenas a do
FAC. "O investidor tem o direito
de saber quais as taxas que está
pagando, direta ou indiretamente", afirma Eduardo Castro, gestor de renda fixa do ABN Amro
Asset Management.
O Labfin constatou que, de janeiro até o último dia 4, enquanto
os FIFs DI que exigem aplicação
mínima de até R$ 5.000 rendiam
11,24%, os FACs davam 10,58%.
"A diferença não é muito grande,
mas os dados mostram que, em
média, um FIF rende mais do que
um FAC", diz Oda, do Labfin.
Segundo ele, na maioria dos
grandes bancos o investidor não
pode aplicar diretamente num
FIF. "Mas há muitos FIFs, com taxas baixas, disponíveis nos portais financeiros e nos bancos de
varejo de médio porte", diz Oda.
Os gestores de recursos das
grandes instituições financeiras
argumentam que a estrutura de
FACs atrelados a fundos-mãe
permite atender a várias faixas de
investidores -desde quem tem
R$ 100 para investir até os afortunados com capacidade para aplicar no mínimo R$ 100 mil.
"Ao escolher um fundo, o investidor deve analisar quem dá mais
por seu dinheiro e não quem cobra mais", diz Sylvio Fleury, diretor de produtos do HSBC Brain.
Segundo ele, você deve comparar
a rentabilidade de fundos de diferentes instituições dentro da faixa
de aplicação à qual se enquadra.
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