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PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Mulheres contribuem com a renda familiar controlam gastos e influem nas aplicações
O seu, o meu, o nosso dinheiro
Rogério Albuquerque/Folha Imagem
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Renata e Ricardo Alves de Lima dividem as despesas de casa, mas mantêm contas bancárias separadas |
PAULA DE SANTIS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ela escolhe até o cartão de crédito que devo usar." É assim mesmo, há 12 anos. A farmacêutica
Denise Polato de Lima, 38, administra seu salário e o do marido, o
físico Juscelino Ramos de Lima,
44. É ela quem paga as despesas
da casa e dos três filhos, cuida dos
investimentos, não deixa as contas chegarem ao vermelho e puxa
o freio quando o marido gasta demais. "Ele nem vê o dinheiro."
A participação das mulheres
nas finanças do lar -com salário
e palpites sobre o que fazer com as
eventuais sobras- ganha peso a
cada dia. É quase consenso a idéia
de que elas sempre nortearam a
política de gastos da casa. Mas
poucos homens confessavam a
interferência.
Hoje, além de decidir quanto se
gasta na feira, a mulher dá a palavra final na compra de um imóvel,
troca de carro sem consultar o
marido e escolhe suas aplicações
financeiras. A novidade -que
poucos maridos admitem- são
as mulheres que mandam nos
dois salários.
De cada dez famílias atendidas
pela Forex Centro Brasileiro de
Orientação de Finanças Pessoais,
oito têm suas receitas gerenciadas
pelas mulheres, quer trabalhem
fora, quer não. A experiência do
economista-chefe e diretor da Forex, Marcos Silvestre, mostra que
quando os dois trabalham, o homem ainda tem a maior renda.
"Essa diferença não supera 20%."
A pequena vantagem é suficiente para justificar o fato de o homem ainda arcar com a maior
parte das despesas comuns, um
resquício do machismo. "O marido fica tranquilo porque ainda é o
provedor, e a mulher, aliviada
porque não se casou com um banana", explica Silvestre.
O administrador de empresas
Ricardo Alves de Lima, 54, ganha
50% mais que a esposa, a publicitária Renata Alves de Lima, 36. Ele
arca com 70% das despesas
-contas fixas, gastos com lazer e
a compra de imóveis. Renata fica
com os 30% restantes, mas desconfia da soma.
"Na prática, pago por uma série
de coisas que não aparecem. Não
há por que cobrar tudo dele", diz.
Aí entram a feira, a padaria, o uniforme das filhas, os presentes e
miudezas. "Há um grande empenho dela em dividir as despesas",
diz Lima.
O casal prefere manter contas e
aplicações separadas. "Conta
conjunta atrapalha, é preciso ter a
cabeça muito parecida", diz Lima.
Renata pede opinião ao marido
sobre onde investir. Ele não.
"Os investimentos em compra
de carro, imóvel de lazer e para
aposentadoria costumam ser feitos em conjunto quando a mulher
ganha menos ou o mesmo que o
marido", diz Silvestre. "Quando a
mulher ganha mais, o homem fica
acanhado em dar palpite."
Mas sempre que a mulher começa a administrar o salário do
marido, como no caso de Denise e
Juscelino, os homens não disfarçam sua inquietação. Depois
acostumam. Para Denise, tomar
conta de tudo é muita responsabilidade. "Preferiria dividir. Mas ele
foi deixando e virou hábito", conta. Juscelino passou cinco anos
trabalhando em São Paulo e só
voltava para casa, em Juiz de Fora
(MG), nos fins de semana. "Passei
a decidir quase tudo sozinha."
Na hora de investir, não é diferente. Juscelino traz a idéia e cabe
a Denise liberar ou não a verba.
Antes ela consulta uma série de
planilhas no computador, que
substituiu o livro de capa laranja,
usado para o orçamento no início
do casamento, há 15 anos.
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