São Paulo, Segunda-feira, 11 de Outubro de 1999
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PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Como formar um pé-de-meia para o futuro das crianças e ensiná-las a poupar
O futuro vale mais que um capricho

da Reportagem Local

Se seu filho passou os últimos dias com o nariz grudado na televisão, conferindo as ofertas de brinquedos para o Dia da Criança, e escolheu o que havia de mais caro no cardápio do comércio, está na hora de você chamá-lo para uma conversa de "homem para homem".
"Ensine seu filho, desde pequeno, a distinguir as coisas que compramos porque "queremos" daquelas que compramos porque "precisamos". Muito da habilidade financeira, na infância e na vida adulta, depende de sermos capazes de fazer essa distinção", diz Cássia D"Aquino, consultora em educação financeira.
Saiba que, com R$ 100, você tanto pode satisfazer um capricho do garoto, comprando um brinquedo caro, como iniciar uma poupança, o que poderá garantir o primeiro carro aos 18 anos ou uma viagem para o exterior.
O mercado oferece poucos produtos financeiros específicos para crianças e adolescentes (leia texto abaixo). Mas, com uma aplicação inicial de R$ 100 e aportes mensais a partir de R$ 100, a oferta de fundos DI, que acompanham os juros de mercado, é grande.
Acompanhe no quadro abaixo quanto você terá acumulado nessa forma de investimento quando seu filho atingir a maioridade. Na simulação feita pela UAM (Unibanco Asset Management), os analistas consideram uma aplicação inicial e aportes mensais de R$ 100 e projetam as taxas de juro e de inflação até o ano 2017.
Quem pode dispor apenas de valores menores para aplicar mensalmente também pode planejar o futuro financeiro dos filhos. Segundo outra projeção da UAM, é possível acumular R$ 10 mil até seu filho completar 18 anos, num fundo DI, partindo de um aporte inicial, a partir de seu primeiro ano de vida, de R$ 200 e aplicações mensais de pouco mais de R$ 30.
Mas, lembre-se: quanto mais cedo você começar a poupar, menor será o desembolso mensal. Se seu filho tem apenas 1 ano de idade, você precisará reservar apenas R$ 31,30 por mês -o equivalente a duas pizzas. Se ele já completou 5 anos, serão necessários R$ 45,60 mensais.
Como o único produto financeiro que aceita pequenas aplicações é a caderneta de poupança, você poderá iniciar com essa modalidade e, a cada três ou quatro meses, transferir os recursos para um fundo DI, que rende mais.

Educação financeira
A preocupação com o futuro financeiro dos filhos não deve, entretanto, limitar-se à acumulação. "É preciso educar as crianças para que elas aprendam que o dinheiro é bom, compra sorvete, figurinhas, mas é algo limitado no tempo e tem de ser bem administrado", diz Marcos Silvestre, diretor do Forex, Centro Brasileiro de Orientação de Finanças Pessoais.
Além de aprender a administrar o dinheiro, as crianças precisam saber que não é fácil ganhá-lo. Louis Frankenberg, consultor financeiro, diz que, para receber uma mesada, a criança deve fazer algo em troca. "Guardar os brinquedos, recolher as folhas do jardim ou cuidar do cachorro são coisas que mesmo os pequenos podem fazer", diz ele.
Nesse ponto, alguns educadores discordam. "Não vincule a mesada à realização de tarefas em casa. Quando seu filho não precisar de dinheiro, poderá se recusar a fazer as tarefas", diz Cássia.
Para Silvestre, o papel da mesada é ensinar as crianças a administrar o dinheiro ao longo do tempo e a não gastar mais do que ganham. "Dos 7 aos 11 anos de idade, um mês é um período muito longo. O melhor é a "semanada", que deve ter um valor fixo pequeno (de R$ 15 a R$ 20)", diz.
Na adolescência, seu valor pode aumentar e passar a ser mensal. "Ela deve cobrir os gastos com lazer e com algumas responsabilidades, como a compra de roupas e de material escolar", diz Silvestre. Nessa fase, se seu filho gastar toda a mesada nos primeiros dias do mês, não lhe dê mais dinheiro. "Ele não pode crescer com a falsa impressão de que sempre haverá um cheque especial à sua disposição." (SANDRA BALBI)


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