São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2001

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INVESTIMENTOS

Instituições de porte médio, pouco conhecidas, se destacam em rentabilidade; varejo tem acesso

Fundos campeões para pequenas aplicações

PAULA PAVON
SILVANA MAUTONE

DA REPORTAGEM LOCAL
Os maiores nem sempre são os melhores. No ano passado, foram justamente as instituições menores e pouco conhecidas - como pequenos bancos de varejo, bancos de investimento e corretoras- as campeãs nos rankings de fundos publicados por diferentes institutos de análise. E o que é melhor: elas aceitam aplicação mínima a partir de R$ 1.000, acessível para os pequenos e médios investidores.
São bancos como BMC, BVA, Banif Primus e a administradora de recursos Claritas, que quase não investem em propaganda, têm pouquíssimas agências espalhadas pelo país e captam a maioria dos seus clientes no boca-a-boca.
Essas instituições vêm se destacando ao usar a estratégia de se concentrarem na gestão de poucos fundos.
Com isso conseguiram aliar boa rentabilidade e baixo risco, de acordo com estudo elaborado pelo professor Alberto Borges Matias da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto. "Na teoria, quanto maior o retorno, maior também o risco. Mas, no caso das instituições analisadas, elas não seguiram essa regra. Provavelmente porque são focadas na gestão de poucos produtos", afirma (leia quadro na pág. B-7).
Esses gestores estão fazendo um verdadeiro trabalho de formiga para aumentar sua base de clientes sem perder qualidade no atendimento. "Não pensamos em crescer de uma hora para outra para competir com grandes instituições", diz Bolivar de Oliveira Filho, diretor da BMC Asset Management.
"Queremos atrair os clientes justamente pelo nosso atendimento mais personalizado e pela gestão supermonitorada dos nossos fundos", diz.
Por isso, se você é do tipo de investidor que aplica todas as suas economias no banco ali da esquina ou onde tem conta há anos, vale a pena reavaliar sua estratégia. Antes de tirar o dinheiro do bolso e aplicar no banco mais próximo de sua casa, reflita. Nem sempre as grandes marcas do varejo oferecem as melhores opções de investimento.

Personalizado
Carlo Moratelli, consultor da MCA Consultoria Financeira, afirma que os investidores não estão acostumados a buscar informações em bancos que ficam menos expostos.
"É mais difícil o cliente se deslocar até essas instituições. Isso ocorre inclusive por uma questão de falta de conhecimento de que elas existem", diz ele.
De acordo com Moratelli, os investidores deixam de pesquisar melhores oportunidades em outras instituições porque acreditam ser mais cômodo aplicar onde já mantêm conta corrente.
"O que nem todos sabem é que é possível manter a conta corrente no banco no qual você já é cliente e abrir apenas uma conta de investimento naquela instituição que escolheu para aplicar suas economias", explica o consultor.
Há cerca de um ano, o advogado José Álvaro de Moraes, 36, resolveu experimentar trabalhar com um banco menor. "Estava insatisfeito com o atendimento padrão oferecido pelos grandes bancos de varejo, onde os gerentes costumam ter completa aversão ao risco e acabam recomendando a caderneta de poupança."
Segundo ele, o que mais o surpreendeu ao investir em uma instituição menor foi o atendimento. "Há mais transparência. Se quero dados sobre a composição da carteira ou a rentabilidade, consigo essas informações prontamente por fax", diz Moraes, ressaltando que em nenhum momento se sentiu discriminado por ter feito apenas a aplicação mínima, que no caso era R$ 1.000.
Também chamou a sua atenção a disposição do banco de educar o investidor sobre o mercado financeiro. "Uma vez por mês alguém do banco me telefona se oferecendo para esclarecer dúvidas sobre o cenário macroeconômico, além de explicar sobre a carteira do fundo", conta. "Sinto que não sou simplesmente mais um. Isso faz diferença", diz.


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