São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2001

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IMÓVEIS

Os especialistas aconselham aos investidores que apliquem em moradias populares para ter maior lucratividade

Casas populares têm boa rentabilidade

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Quitinetes no centro de São Paulo dão bons rendimentos


PAULO HENRIQUE DE SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se você está pensando em viver de renda de aluguel, muita atenção na hora de escolher o imóvel.
Investir em imóveis para locação sempre foi a alternativa para quem não quer correr os riscos do mercado financeiro. Historicamente, nos tempos em que havia mais procura do que oferta, o aluguel era equivalente a 1% do valor do imóvel. Hoje, a situação se inverteu e essa rentabilidade não é mais assegurada.
Para os pequenos e médios investidores garantirem 1% ao mês, os especialistas recomendam pequenas residências, cujos aluguéis não passam de R$ 300.
"De preferência, casas", aconselha o vice-presidente de locação do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Imóveis Comerciais e Residenciais de São Paulo), Sérgio Lembi. É que elas não têm condomínio e, por isso, são mais fáceis de alugar. Segundo dados do Secovi, 23% das casas ficaram vagas no ano passado. Já a ociosidade dos apartamentos ficou em 29%.
No segmento de apartamentos, Lembi diz que os pequenos, tipo quitinete, são os que podem dar melhor retorno. O rendimento pode chegar a até 2% ao mês. "Não se constrói quitinetes há muito tempo."
O mercado de imóveis comerciais sempre foi lucrativo, mas os especialistas dizem que só há demanda no segmento de alto padrão. Assim, aos pequenos e médios investidores resta o segmento residencial.
O consultor de imóveis Roberto Capuano diz que o mercado funciona com base em uma regra simples: "Quanto menor o imóvel, maior a renda". Segundo ele, 98% dos imóveis alugados em São Paulo têm aluguel até R$ 1.000, sendo que 90% não ultrapassam os R$ 800.
"Não é difícil deduzir que há maior demanda por imóveis pequenos." Capuano estima que 80% dos mais abastados têm imóvel próprio. Como a procura nessa faixa de luxo não é tão grande, a rentabilidade de um aluguel de alto padrão pode cair para 0,4% ao mês.
Capuano argumenta que os apartamentos e casas pequenos têm as características de um bom investimento: renda, valorização e liquidez. "Sempre vai ter comprador para esse tipo de imóvel." O superintendente de locação da imobiliária Camargo Dias, Rodrigo Claudino da Silva, avalia que um imóvel bem localizado, casa ou apartamento, leva três ou quatro meses para ser vendido.
No ano passado, 27,5% dos imóveis residenciais com aluguéis acima de R$ 750 ficaram vazios, em São Paulo. Já os mais baratos tiveram taxa de desocupação de 21,5%, segundo o Secovi.
A inadimplência e o atraso no pagamento também são maiores nos aluguéis médios. Na faixa entre R$ 450 e R$ 750, a inadimplência chegou a 37% no ano passado. Nos aluguéis até R$ 300, o calote ficou em 23%. Esse percentual só é maior do que os 14% registrados no segmento de preço acima de R$ 750.
Mas é só a perspectiva do retorno do aluguel que deve orientar a compra de um imóvel? Os consultores dizem que não. A consultora de imóveis Beatriz Ferreira aconselha ao investidor procurar imóveis com bom potencial de valorização.
Nesse ponto, a localização é fundamental. Para Beatriz, as áreas mais promissoras da cidade de São Paulo são aquelas em torno das principais regiões comerciais, como avenida Paulista, Vila Olímpia, Perdizes e Pacaembu, entre outras. Capuano acrescenta ainda a Barra Funda e o centro da cidade.


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