São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2001

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DIVERSIFICAÇÃO

Fundos são opção para capturar parte dos ganhos da renda variável sem perder a solidez da renda fixa

Multicarteira rende o dobro do DI e atrai investidor

SANDRA BALBI
EDITORA DO FOLHAINVEST

Se você anda de olho comprido nos ganhos proporcionados pelos fundos de ações, que acumulam rentabilidade de 7,68% este ano, enquanto seu fundo DI se mantém magrinho, com ganho de 1,38%, saiba que é possível vitaminar suas economias sem grandes sustos, como os proporcionados pelos solavancos da Bolsa na semana passada.
Os fundos multicarteira estão rendendo 3,41% neste ano, mais que o dobro dos ganhos dos DI e dos renda fixa. Eles são uma opção para diversificar suas aplicações com muito pouco dinheiro. A partir de R$ 200, é possível investir em um desses fundos e saborear parte dos ganhos oferecidos em mercados de maior risco.
Existem 146 fundos multiportfólio ou multicarteira que investem em papéis de renda fixa e de renda variável. Os ganhos de suas carteiras são determinados pelos juros pagos por títulos públicos e privados e pelas operações com ações, títulos cambiais e derivativos (que negociam taxas de juros, de câmbio e índices de Bolsa no mercado futuro).
"Eles são o caminho suave para o pequeno investidor começar a diversificar suas aplicações com poucos sustos e arranhões", diz Orlando Zainaghi Júnior, gerente de administração de recursos do Banespa. O fundo Mix Avançado, administrado pelo banco, rendeu 5% em janeiro e aceita aplicação mínima de R$ 200.
Esse fundo pode ficar com até 30% do patrimônio aplicado em Bolsa, o que inclui ações e contratos futuros de Ibovespa negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).

Estratégia
Por sua versatilidade, os multicarteira vêm atraindo investidores. Neste ano, até o dia 5, haviam ingressado R$ 95 milhões nos fundos multicarteira, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). No ano passado, entraram R$ 550 milhões nesses fundos. "A demanda deve continuar", diz Marcos Decallis, diretor de investimentos do HSBC Brain.
Segundo Decallis, o produto também é recomendado para investidores de maior porte mas que ainda não têm tamanho para ter uma carteira administrada e nem se sentem seguros para cuidar sozinhos de aplicações pulverizadas. "Não vale a pena picar os recursos em vários fundos, pagando várias taxas de administração e ainda a CPMF quando quiser migrar de um fundo em baixa para outro", diz Decallis.
Os gestores fazem balanceamentos periódicos das carteiras realocando recursos de ações para outros ativos quando a Bolsa está em queda. "O investidor não precisa ficar antenado no mercado, há um profissional para cuidar da realocação dos ativos."
No entanto quem investir num desses fundos deverá informar-se sobre o grau de flexibilidade dessas realocações. "Alguns têm uma diversificação fixa e são de maior risco", diz Decallis.
É o caso do CCF FAQ Mix Rouge, por exemplo, administrado pelo HSBC, o FAQ (Fundo de Aplicação em Quotas, que compra cotas de FIFs) mais rentável do mês de janeiro, com ganho de 8,34% (leia quadro abaixo).
Segundo Decallis, o Rouge mantém no mínimo 40% e no máximo 49% dos seus recursos aplicados em ações. Alguns produtos são mais dinâmicos, como o HSBC Limit 50, que pode ficar com sua carteira zerada em ações ou aplicar até no máximo 50% na Bolsa. Ele também faz aplicações em câmbio. No mês passado, esse fundo rendeu 6,09%.
Outro cuidado: aplicações em fundos multicarteira, dizem os gestores, devem visar ao médio prazo. "O investidor deve ter disponibilidade para esperar pelo menos quatro meses pelos resultados", diz Luiz Alberto Cardoso de Mello, diretor gerente do banco Mercantil Finasa. O Finasa Renda Mista Plus foi o segundo FIF (Fundo de Investimento Financeiro) em rentabilidade em janeiro, com ganho de 7%.
Esse fundo aplica 80% dos recursos em papéis de renda fixa públicos e privados, com taxas de juro pré e pós fixadas. "Com isso, diversificamos também a parcela em renda fixa", diz Mello. Os 20% restantes estão em ações da carteira do Ibovespa (as mais negociadas e de maior liquidez).


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