São Paulo, Segunda-feira, 18 de Outubro de 1999
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SUAS ECONOMIAS
Renda fixa ainda é o melhor investimento; evite perdas monitorando a inflação no varejo
A inflação é uma ameaça às aplicações

SANDRA BALBI
da Reportagem Local

O investidor Rui Ernesto Otto Behr, 56, anda preocupado com suas economias. Ele aplica em fundos de renda fixa o dinheiro destinado à sua aposentadoria.
"A rentabilidade desses fundos gira em torno de 18% a 21% ao ano. Se a inflação, medida pelo IPA-DI (Índice de Preços no Atacado-Disponibilidade Interna), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), já acumula 21,17% ao ano, meus rendimentos estão negativos?", pergunta ele.
A preocupação de Behr é válida, mas suas conclusões um tanto apressadas. "Hoje, o IPA-DI está indicando uma perda potencial. Você tem de se basear na inflação dos itens que consome, os produtos de varejo", diz Roberto Padovani, sócio da Tendências. "E no varejo os preços ainda não subiram a ponto de comer os ganhos com os juros das aplicações financeiras", acrescenta.
De olho no futuro, Behr teme que, até o final do ano, ocorra o repasse de parte da inflação do atacado para o varejo. "O 13º salário, os bônus pagos aos executivos e as festas de final de ano deixarão o consumidor mais vulnerável para absorver altas de preço", diz Behr, administrador de empresas.
Segundo analistas, as medidas para reduzir os custos dos empréstimos bancários e do crédito ao consumidor, adotadas na última quinta-feira pelo governo, podem reforçar essa tendência a consumir mais, o que permitiria o repasse da inflação represada.
Portanto, fique esperto. "O investidor deve monitorar, mês a mês, os índices de inflação no varejo", diz Padovani. Ao primeiro sinal de perda de rentabilidade, segundo o economista, você deve buscar alternativas de aplicação.
Por isso, Luis Sthulberger, diretor da Hedging-Griffo Asset Management, recomenda a quem investe em fundos de renda fixa optar pelos que têm liquidez diária. "Eles dão mais mobilidade e oferecem rentabilidade maior", diz.
Por enquanto, os analistas são unânimes: nenhum ativo real -imóveis ou ações- pode substituir os ganhos com os juros. "O governo não tem como baixar mais os juros básicos da economia sem afetar a estabilidade do sistema financeiro", diz Alberto Borges Matias, diretor da consultoria financeira Austin Asis.
Segundo ele, os bancos vivem mais do "spread" (diferença entre os juros que recebem e os que pagam) do que do volume das operações financeiras, que é baixo.


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