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INFLAÇÃO
Comece a monitorar os índices de inflação para evitar perdas nos rendimentos das suas aplicações
Veja de onde virá a pressão nos preços
da Reportagem Local
Nos próximos meses, quem tiver dinheiro aplicado no mercado
financeiro deverá prestar muita
atenção aos índices que medem a
inflação na ponta do varejo.
Segundo analistas, as medidas
para reduzir os juros ao consumidor, e a queda de 6% para 1,5% do
IOF, anunciadas na quinta-feira
pelo governo, vão estimular as
vendas no varejo e podem abrir
uma brecha para que parte da inflação acumulada no atacado deságüe nas prateleiras. E a inflação
pode corroer suas aplicações.
Desde janeiro, quando houve a
desvalorização cambial, os preços
começaram a subir no atacado.
Até o final de setembro, o IPA-DI
(Índice de Preços no Atacado-Disponibilidade Interna) já acumulava alta de 21,17%.
Esses aumentos ainda não apareceram na maioria dos preços
que você paga no balcão. O IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Ampliado), o referencial do governo para fixar a "meta inflacionária", acumula alta de apenas
6,01% naquele período.
"Essa defasagem é indício de inflação reprimida. Os aumentos de
preço ainda não foram repassados ao varejo, pois a queda da demanda inviabilizou isso", diz Roberto Padovani, sócio da consultoria Tendências, que tem como
pares Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, e Mailson da Nóbrega, ex-ministro da
Fazenda. Padovani afirma que a
redução dos juros ao consumidor
e a recuperação do crédito, com a
injeção de R$ 9,6 bilhões na economia, devido ao fim do compulsório para depósitos a prazo, vão
recuperar a renda do consumidor, estimular o consumo e o
crescimento econômico.
"Taxas maiores de crescimento
vão permitir o repasse dos aumentos ocorridos no atacado para os preços finais, o que pressionará a inflação no próximo ano",
diz Padovani. Segundo ele, a Tendências já projeta inflação de 8%
para o ano 2000. A "meta inflacionária" do governo é de 6% a 8%.
Alimentos
Que a pressão inflacionária
existe, a maioria dos economistas
e analistas ouvidos pela Folha
concorda. Como e quando ela vai
começar a aparecer na vida real,
entretanto, é um ponto de divergência entre eles e de preocupação para o investidor.
O aposentado Heitor Lacerda,
77, está preocupado com a possibilidade do velho e conhecido
dragão torrar parte dos R$ 70 mil
que ele tem aplicados em um fundo de renda fixa. "Qual é a melhor
aplicação neste momento?"
"Os fundos de renda fixa DI
protegem da variação dos juros, o
que também reflete a variação da
inflação", diz Welber Reis, analista da UAM (Unibanco Asset Management). "Ele pode aplicar 20%
do capital em fundos de ações,
que seguem o Ibovespa e podem
render mais no longo prazo."
Luis Stuhlberger, diretor da
Hedging-Griffo Asset Management, diz não acreditar que as
medidas de redução dos custos
dos financiamentos ao consumidor tenham, no próximo ano, um
forte impacto na inflação. "O que
está segurando a inflação são os
preços dos alimentos", diz.
A concentração do setor de supermercados deu ao varejo poder
de fogo para brecar repasses de
preços da indústria. Uma análise
do IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da
USP, e da cesta básica do Procon/
Dieese, feita pela Hedging-Griffo,
mostra que os alimentos subiram
até setembro apenas 1,6% e 0,4%,
respectivamente (veja quadros ao
lado). O peso dos alimentos na
cesta básica é de 58% e no IPC da
Fipe, de 31%.
(SANDRA BALBI)
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