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INVESTIMENTOS
Com a queda da taxa de juros, investidor terá de diversificar a carteira e alongar o prazo das aplicações
Juro em baixa favorece aplicação de risco
PAULA PAVON
DA REPORTAGEM LOCAL
Acabou-se o tempo de juros na
lua e rentabilidade fácil. Com as
sucessivas quedas das taxas de juros, sobraram duas opções: poupar ou consumir. Mas, atenção,
porque quem ficar com a primeira alternativa terá de suar a camisa e aceitar correr mais risco para
manter uma rentabilidade alta como a proporcionada pela renda
fixa nos últimos anos.
O corte na taxa básica de juros
da economia para 15,25% ao ano,
na semana passada, além de baixar ainda mais o rendimento das
aplicações, como fundos DI, poupança e CDBs de curto prazo,
confirma a trajetória de queda
dos juros esperada pelos analistas
para este ano.
"O processo de taxa real (descontada a inflação) altíssima terminou", diz Hugo Penteado, economista-chefe e estrategista da
ABN Amro Asset Management.
Segundo ele, períodos de juros
reais de 15% ou mais, como observados em 99, não voltam mais.
A previsão dos analistas é que a
taxa básica pode chegar a 13% até
o final do ano, o que corresponde
a um ganho real de 9%.
Paulo Caricatti, diretor de renda
fixa da SSB Citi, afirma que, embora o juro brasileiro ainda esteja
em patamar elevado para padrões
internacionais, o investidor já deve começar a reavaliar as estratégias de investimento. Isso significa diversificar o portfólio com opções de mais risco e alongar os
prazos das aplicações.
"Nesse processo de queda dos
juros, o investidor fica mais vulnerável. Uma inflação sazonal
maior pode levar a uma taxa real
pequena ou até negativa, se ele estiver numa aplicação mais conservadora", diz Caricatti.
Mas, tenha cuidado, porque colocar um "pezinho" em opções de
mais risco, como fundos de renda
variável e derivativos, não pode
ser uma decisão assumida do dia
para a noite.
Especialistas aconselham os
mais conservadores a começar
por alternativas intermediárias,
como os fundos que mesclam
renda fixa com renda variável, a
exemplo dos multicarteiras.
Jorge Luiz Ávila, diretor de fundos da CEF (Caixa Econômica Federal), afirma que a demanda dos
investidores aliada à queda dos
juros fez com que a instituição
acelerasse o lançamento de um
fundo multicarteira. "Com a perspectiva de crescimento da economia, o retorno das empresas deve
aumentar, fazendo com que o ganho em ações cresça", diz.
Outros novos produtos já estão
despontando na indústria de fundos como opções de investimento
diante da queda dos juros. Tem
alternativas para todos os tipos de
investidor.
Há desde fundos que aplicam
em títulos da dívida pública de
mais longo prazo e que têm melhor rentabilidade, como são os
fundos que seguem o IRF-M, até
opções mais ousadas, como os
fundos com papéis da dívida externa brasileira. Os lançamentos
mais recentes, por exemplo, privilegiam as aplicações em euro.
"O investidor deve fazer a transição para investimentos de mais
risco lentamente", diz Caricatti.
"Só assim ele se familiarizará com
as oscilações da cota."
A perder de vista
Para Carlo Moratelli, consultor
da MCA Consultoria Financeira,
o cuidado número um que o investidor deve ter ao sair de aplicações menos arriscadas para outras mais agressivas é não se esquecer de que o investimento deve ser feito por um prazo mínimo
de seis meses.
"Investimento de maior risco
pressupõe mais tempo de aplicação, o que é uma cultura muito diferente da do "overnight" (aplicações de um dia) na qual o brasileiro estava acostumado", afirma.
Para Gilberto Poso, diretor da
Lloyds Asset Management, o investidor já vem se acostumando a
um alongamento gradual de seus
investimentos. "Uma mostra disso é o crescimento de produtos de
previdência nos últimos anos."
Dados da Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que o número
de fundos de previdência saltou
de 65, em 99, para 136, em 2000.
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