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SERVIÇO
Apesar da queda nos juros promovida pelo BC, o custo do dinheiro ainda está caro; procura é maior do que oferta
Taxas de empréstimos continuam altas
ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST
Se você costuma fazer compras
a prazo ou utilizar o cheque especial, não se anime muito com o
corte de juros promovido na semana passada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do
Banco Central). Alguns poucos
bancos, como Banespa, Itaú e
Santander, já anunciaram cortes
em algumas linhas de crédito por
causa dessa redução, mas, de modo geral, os custos para quem precisa de um financiamento ou empréstimo continuam caros no
Brasil.
No dia 17, o Banco Central
anunciou a redução da Selic de
15,75% para 15,25% ao ano. Essa é
a taxa mais baixa desde sua criação, em junho de 1996.
A Selic é a taxa básica de juros
da economia. Ela é utilizada como
parâmetro pelo governo para a
colocação de títulos públicos no
mercado e também pelas instituições financeiras em suas operações.
Segundo Miguel José Ribeiro de
Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade), sempre que o Banco Central aumenta a taxa Selic, as instituições financeiras imediatamente repassam a alta para as linhas
de crédito. Já quando o BC corta
os juros, o repasse não é instantâneo e nem sempre acontece na
mesma proporção. "Elas sempre
esperam para ver o que o concorrente vai fazer."
Pesquisas realizadas pela Anefac mostram que, enquanto a taxa
Selic caiu 65% entre março/99 e
dezembro/00, o custo médio dos
empréstimos bancários caiu apenas 42,50% no mesmo período.
O problema, diz Oliveira, é que
há muito mais procura por crédito do que oferta de dinheiro. Apesar das sucessivas reduções promovidas pelo BC, a Selic ainda é
muito alta no Brasil. Isso faz com
que seja mais vantajoso para as
instituições financeiras emprestar
para o governo do que para os
consumidores ou empresas e permite a elas cobrar, por exemplo,
uma taxa média de 220% ao ano
por um empréstimo via cheque
especial ou cerca de 70% ao ano
por um empréstimo pessoal.
"De cada vez que a Selic cai, os
bancos aumentam a parcela de
crédito para os clientes, em busca
de mais lucro. Mas, para que efetivamente aumentasse a quantidade de recursos disponível para
empréstimos e o custo do dinheiro fosse reduzido, a Selic teria que
ser bem inferior a 15% ao ano",
explica Oliveira.
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