São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SERVIÇO

Apesar da queda nos juros promovida pelo BC, o custo do dinheiro ainda está caro; procura é maior do que oferta

Taxas de empréstimos continuam altas

ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST

Se você costuma fazer compras a prazo ou utilizar o cheque especial, não se anime muito com o corte de juros promovido na semana passada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Alguns poucos bancos, como Banespa, Itaú e Santander, já anunciaram cortes em algumas linhas de crédito por causa dessa redução, mas, de modo geral, os custos para quem precisa de um financiamento ou empréstimo continuam caros no Brasil.
No dia 17, o Banco Central anunciou a redução da Selic de 15,75% para 15,25% ao ano. Essa é a taxa mais baixa desde sua criação, em junho de 1996.
A Selic é a taxa básica de juros da economia. Ela é utilizada como parâmetro pelo governo para a colocação de títulos públicos no mercado e também pelas instituições financeiras em suas operações.
Segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade), sempre que o Banco Central aumenta a taxa Selic, as instituições financeiras imediatamente repassam a alta para as linhas de crédito. Já quando o BC corta os juros, o repasse não é instantâneo e nem sempre acontece na mesma proporção. "Elas sempre esperam para ver o que o concorrente vai fazer."
Pesquisas realizadas pela Anefac mostram que, enquanto a taxa Selic caiu 65% entre março/99 e dezembro/00, o custo médio dos empréstimos bancários caiu apenas 42,50% no mesmo período.
O problema, diz Oliveira, é que há muito mais procura por crédito do que oferta de dinheiro. Apesar das sucessivas reduções promovidas pelo BC, a Selic ainda é muito alta no Brasil. Isso faz com que seja mais vantajoso para as instituições financeiras emprestar para o governo do que para os consumidores ou empresas e permite a elas cobrar, por exemplo, uma taxa média de 220% ao ano por um empréstimo via cheque especial ou cerca de 70% ao ano por um empréstimo pessoal.
"De cada vez que a Selic cai, os bancos aumentam a parcela de crédito para os clientes, em busca de mais lucro. Mas, para que efetivamente aumentasse a quantidade de recursos disponível para empréstimos e o custo do dinheiro fosse reduzido, a Selic teria que ser bem inferior a 15% ao ano", explica Oliveira.


Texto Anterior: Participe do Folhainvest em Ação
Próximo Texto: Doação: Registre os contratos firmados no mês de dezembro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.