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CÂMBIO
Analistas dizem que cotação da moeda americana deve terminar o ano em torno de R$ 2,00, com ganhos de 6%
Menos volátil, dólar é descartado como bom investimento
PAULO HENRIQUE DE SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você não tem dívida em dólar
nem pretende viajar ao exterior,
risque a moeda americana da lista
de alternativas de investimento
para 2001. Pelo menos é o que recomenda a grande maioria dos
especialistas em investimentos.
Sul América Investimentos,
banco JP Morgan, corretora Hedging-Griffo, Lloyds e banco Prosper concordam que a cotação do
dólar deva fechar o ano em torno
de R$ 2,00. Isso se a economia
mundial não apresentar nenhum
sobressalto, como uma recessão
forte nos Estados Unidos ou problemas mais sérios na Argentina.
"Não vejo espaço para ganhar
dinheiro com dólar", diz o economista-chefe da Sul América Investimentos, Luiz Carlos Costa.
A economista-chefe da LAM
(Lloyds Asset Management ), Gina Baccelli, comenta que a perspectiva do dólar para este ano, como investimento, é exatamente a
oposta daquela do ano passado.
O cenário é diferente. Baccelli
lista pelo menos dois fatores que
influenciaram o câmbio no Brasil,
em 2000: a alta dos juros nos Estados Unidos e a baixa das Bolsas
americanas. Isso afetou os mercados emergentes, como o Brasil. O
resultado foi um dólar forte, principalmente no segundo semestre.
"Passamos o ano inteiro recomendando a compra de dólar",
lembra Baccelli.
Já neste ano, ela calcula que o investimento em dólar renderá menos do que o CDI (Certificado de
Depósito Interbancário). "Não
seria aplicação para o ano inteiro", avalia Baccelli.
Para ela, o dólar só passa a ser
atrativo do ponto de vista de investimento se cair a R$ 1,90.
O gestor de fundos de investimentos do banco Prosper Cláudio Freitas considera a atual cotação do dólar, em torno de R$ 1,95,
como o piso para este ano.
A economista da LAM lembra
que, no ano passado, alguns investimentos em dólar renderam
próximo a 20%. Um levantamento feito pelo LabFin/ USP (Laboratório de Finanças da USP) demonstra que a média de rendimento dos dez melhores fundos
cambiais do ano passado foi de
19,45%. Já a média dos 56 fundos
dessa categoria foi de 15,72%.
O sócio e assessor de investimentos da corretora Hedging-Griffo, Marco Aurélio Abrahão,
avalia que, com a queda dos juros
básicos, o dólar até poderia ser
vantajoso este ano. Mas o melhor
mesmo, na avaliação dele, vai ser
o comportamento da Bolsa.
"Aconselho a quem está fora botar um pé em renda variável."
Dinheiro de fora
As análises de que o dólar deverá chegar ao final do ano cotado
por volta de R$ 2,00 são todas baseadas em um cenário positivo:
economia americana desacelerada, mas não propriamente em recessão, e Argentina com situação
econômica sob controle.
Os analistas também contam
com a entrada de dólares. Luiz
Costa, da Sul América, lembra
que as estimativas são de que os
investimentos diretos no país devam ficar entre R$ 28 e R$ 30 bilhões, suficientes para financiar o
déficit em conta corrente (resultado de todas as transações do país).
A entrada de dólares manteria
mais ou menos estável a cotação
da moeda americana. O dinheiro
viria da privatização de empresas,
como a Cesp Paraná, de energia
elétrica, e de empresas que vão
disputar as licitações de telefonia
celular das bandas C, D e E.
Freitas, do Prosper, considera
"suspeita" a versão de que vai haver uma entrada maior de dólares. "O mercado de dólar não está
refletindo isso."
Intervenção
A incógnita deste ano vai ser até
que ponto o governo vai influenciar na cotação da moeda americana. O Tesouro Nacional tem
anunciado que poderá comprar
até US$ 3 bilhões para pagar juros
da dívida externa.
"Isso não é normal, o mercado
está achando que o BC (Banco
Central) está desconfortável com
a atual cotação e quer o dólar mais
caro", comenta Freitas.
Mas por que interessaria ao governo um dólar mais valorizado?
É que ele precisa fechar as contas
no final do ano. A desvalorização
do real favorece as exportações e
leva a um melhor resultado da balança comercial - que é só uma
das contas do balanço de pagamentos.
"Essa história de o Tesouro
comprar dólares não foi digerida
pelo mercado. Ao contrário do
que diz o governo, isso não é comum, não", diz Freitas. Ele lembra que a última vez em que o Tesouro comprou dólares foi após a
desvalorização cambial, no início
de 1999, para recompor as reservas cambiais.
Na avaliação de Freitas, o governo concluiu, ao longo do ano passado, que a parte da desvalorização que é repassada à inflação é
muito baixa. "Assim, o governo
resolve uma série de problemas,
como o déficit de 4% em conta
corrente."
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