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FGTS
Há opiniões contrárias e favoráveis ao investimento; o prazo para adesão à operação termina na próxima segunda, 31
Analistas divergem sobre Petrobras ON
ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST
O gerente comercial Mário Rinaldi, 48, já fez sua adesão a um
FMP-FGTS (Fundo Mútuo de
Privatização-FGTS). Ele vai investir 50% de seu saldo no FGTS
(Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço), aproximadamente
R$ 25 mil, em ações Petrobras
ON. Rinaldi considera o investimento uma boa oportunidade e já
convenceu cinco amigos a fazer o
mesmo. Será que vale a pena?
Falta apenas uma semana para
terminar o prazo de adesão aos
FMPs, mas essa pergunta ainda
preocupa muitos trabalhadores.
Entre os analistas fundamentalistas, isto é, que analisam as perspectivas de uma ação com base
nos resultados da empresa e nas
projeções para ela, Petrobras ON
é um bom negócio. Já, entre os
analistas grafistas (ou gráficos),
corrente de análise que se baseia
no comportamento de cotações
passadas para projetar a tendência de preços para o futuro, as opiniões divergem.
Para o analista gráfico Fausto de
Arruda Botelho, da Enfoque Gráfico Sistemas, é uma temeridade
tirar o dinheiro da conta do FGTS
para colocar em Petrobras ON.
"Essa ação subiu muito, e a tendência de alta está terminando."
Segundo ele, se o preço do papel
cair abaixo de R$ 48, a queda poderá ser grande, e a cotação poderá atingir entre R$ 33 e R$ 22,50.
Montanha
Botelho diz que não há regras
definidas para o comportamento
do mercado acionário, mas sua
experiência de mais de 20 anos
mostra que, sempre que se tem o
lado esquerdo de uma montanha
no gráfico (veja ao lado), surgir o
lado direito é apenas uma questão
de tempo. E isso já estaria acontecendo.
O mesmo vale, conforme suas
análises, para o Índice Dow Jones
da Bolsa de Nova York, que também estaria encerrando um ciclo
de alta. Para ele, esse índice pode
vir a cair 30%. Se isso acontecer,
vai arrastar a Bovespa (Bolsa de
Valores de São Paulo).
Paulo Bueno, diretor da Santa
Fé Portfólios, que também faz
análises gráficas, não concorda
com as projeções de Botelho. Para
ele, o comportamento das cotações mostra que Petrobras ON está numa tendência de alta de longo prazo. "Não vejo perspectiva
de reversão. O papel tem espaço
para subir até R$ 65 ou R$ 70."
De acordo com Bueno, se o preço começar a cair, ordens de compra serão dadas, e ele logo se recuperará. "Acho que temos pelo
menos um ano de alta pela frente", afirma.
Para o diretor da Santa Fé, não
se deve olhar uma ação somente
do ponto de vista gráfico. "É preciso olhar também os fundamentos da empresa. Petrobras mudou
muito nos últimos meses. É uma
nova companhia, com ótimas
perspectivas."
Eduardo Faria, analista gráfico
da São Paulo Corretora, aposta
numa tendência de alta no curto
prazo. "Petrobras se recuperou
nos últimas dias, o que indica alta.
Se chegar a R$ 54,50, abrirá espaço para atingir R$ 60."
Na opinião de Faria, se o optante do FGTS pudesse investir em
Petrobras ON e sair da aplicação a
qualquer momento, ele não teria
dúvidas em recomendar o investimento. "Essa alta deve continuar até o final de agosto."
Como a realidade é diferente, e
o investidor terá de deixar seus recursos no FMP-FGTS, no mínimo, seis meses ou, se não quiser
perder metade do desconto que o
governo vai dar, um ano, Faria
não arrisca um palpite. Pelos gráficos, diz ele, hoje seria precipitado fazer uma projeção para daqui
a um ano.
Vale lembrar, como ressalta
Wang Jiang Horng, analista de investimentos da Planner Corretora, que, apesar dos bons fundamentos de Petrobras, o investimento é arriscado, e só deve entrar na operação quem não está
para se aposentar, não pretende
comprar casa própria ou não teme ser demitido.
Há analistas que também não
recomendam a aplicação para
quem nunca atuou na Bolsa. "Tenho receio do que possa acontecer", observa Roberto Dotta, gestor da Tudor Asset Management.
Sem FGTS
Para quem está pensando em
participar da operação com recursos próprios (leia tabela abaixo), Wang considera a compra de
Petrobras ON uma boa opção para incluir numa carteira diversificada de ações. Nesse caso, explica,
a pessoa precisa analisar se vale a
pena correr o risco de comprar
com o desconto e ficar com o papel preso, no mínimo, seis meses,
ou se é melhor comprar sem desconto ou direto na Bolsa, e garantir a liberdade para vendê-lo, se a
tendência de alta se reverter.
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OnLine:www.uol.com.br/folha/
dinheiro/fgts.shtml
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