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SUAS APLICAÇÕES
Crises externas não estão descartadas; economistas e analistas sugerem cautela ao investidor
Fundo DI volta a ser recomendado
da Redação
Quer saber qual a carteira que
os analistas recomendam, hoje,
para os investidores? A mesma de
um ano atrás: "Eles precisam ser
tão conservadores quanto em julho do ano passado", diz Antônio
Costa, sócio da Oryx.
Em 12 meses, período em que o
regime cambial fixo ruiu em diversas economias emergentes, cedendo lugar ao câmbio flutuante,
o Brasil ainda carece de um ajuste
fiscal estrutural que lhe deixe confortável para atravessar as pressões das turbulências externas.
"Se a China não desvalorizar
sua moeda, se a Argentina mantiver a credibilidade com o atual regime cambial e se os Estados Unidos não subirem os juros, vamos
conseguir manter uma situação
razoável, mas não ótima", diz
Paulo da Veiga Monteiro, economista da Mercatto.
A situação brasileira não é cômoda nesse cenário. "Não se
avançou no lado fiscal", diz Dany
Rappaport, economista do banco
Santander. "Como a situação é
crítica, não avançar é o mesmo
que andar para trás", acrescenta.
Incertezas
O futuro se mostra incerto para
a maioria dos economistas consultados pela Folha, pois, nos
próximos dois meses, as chances
de o país voltar a enfrentar uma
crise externa não são baixas. Por
essa razão, a recomendação: "Seja
mais cauteloso e tenha uma perspectiva de curto prazo nas aplicações que estiver fazendo agora",
diz Rappapport.
Ou seja, na avaliação desse economista, o investidor deve dar flexibilidade às suas aplicações. O
ideal é que você não faça nenhuma aplicação em que seu dinheiro
tenha de ficar preso por mais de
dois meses, porque, nesse prazo,
as chances de você ter de voltar a
rever sua carteira são grandes.
Nos últimos 12 meses, a recomendação para os mais conservadores foi a de manter 100% de
suas economias aplicados em
fundos DI, que tenderiam a ganhar com a alta dos juros e que
são aplicações bastante conservadoras e apropriadas para períodos de crises como a passada.
Quem seguiu esse conselho registrou um ganho no período de
30% (ou cerca de 24% já líquidos
do Imposto de Renda e da taxa de
administração do fundo). Com a
desvalorização do câmbio, em janeiro, o governo soltou suas
amarras e passou a ter mais flexibilidade para promover o corte
nas taxas.
Nessa fase, economistas e analistas de investimento ficavam
mais à vontade para propor diversificações e, mesmo aos mais
conservadores, alertavam: destine pelo menos 10% de sua carteira
ao mercado de ações, porque,
com os juros em queda, essa parcela pode ser eficiente para rentabilizar sua carteira.
Do final de janeiro até a última
semana, o ganho do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São
Paulo) foi de 34,49%, o CDI (juro
praticado no mercado interbancário) bateu em 13,36%, e o ganho
da poupança foi de 6,15%.
Agora a recomendação é recuar.
"Por mais arrojado que você seja
como investidor, não destine
mais do que 30% de suas aplicações à Bolsa", diz um analista.
Costa, da Oryx, prefere uma
carteira bem mais conservadora:
75% em fundos DI e 25% em fundos de renda fixa com títulos prefixados.
Para Monteiro, economista da
Mercatto, não é hora de especular
com juros. "O ideal é concentrar
os recursos em fundo DI", diz ele.
O fundo cambial pode ser uma
opção a ser considerada em sua
avaliação. Isso porque ele estima
um pressão sobre o câmbio até o
final do ano.
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