São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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SUAS APLICAÇÕES
Crises externas não estão descartadas; economistas e analistas sugerem cautela ao investidor
Fundo DI volta a ser recomendado

da Redação

Quer saber qual a carteira que os analistas recomendam, hoje, para os investidores? A mesma de um ano atrás: "Eles precisam ser tão conservadores quanto em julho do ano passado", diz Antônio Costa, sócio da Oryx.
Em 12 meses, período em que o regime cambial fixo ruiu em diversas economias emergentes, cedendo lugar ao câmbio flutuante, o Brasil ainda carece de um ajuste fiscal estrutural que lhe deixe confortável para atravessar as pressões das turbulências externas.
"Se a China não desvalorizar sua moeda, se a Argentina mantiver a credibilidade com o atual regime cambial e se os Estados Unidos não subirem os juros, vamos conseguir manter uma situação razoável, mas não ótima", diz Paulo da Veiga Monteiro, economista da Mercatto.
A situação brasileira não é cômoda nesse cenário. "Não se avançou no lado fiscal", diz Dany Rappaport, economista do banco Santander. "Como a situação é crítica, não avançar é o mesmo que andar para trás", acrescenta.

Incertezas
O futuro se mostra incerto para a maioria dos economistas consultados pela Folha, pois, nos próximos dois meses, as chances de o país voltar a enfrentar uma crise externa não são baixas. Por essa razão, a recomendação: "Seja mais cauteloso e tenha uma perspectiva de curto prazo nas aplicações que estiver fazendo agora", diz Rappapport.
Ou seja, na avaliação desse economista, o investidor deve dar flexibilidade às suas aplicações. O ideal é que você não faça nenhuma aplicação em que seu dinheiro tenha de ficar preso por mais de dois meses, porque, nesse prazo, as chances de você ter de voltar a rever sua carteira são grandes.
Nos últimos 12 meses, a recomendação para os mais conservadores foi a de manter 100% de suas economias aplicados em fundos DI, que tenderiam a ganhar com a alta dos juros e que são aplicações bastante conservadoras e apropriadas para períodos de crises como a passada.
Quem seguiu esse conselho registrou um ganho no período de 30% (ou cerca de 24% já líquidos do Imposto de Renda e da taxa de administração do fundo). Com a desvalorização do câmbio, em janeiro, o governo soltou suas amarras e passou a ter mais flexibilidade para promover o corte nas taxas.
Nessa fase, economistas e analistas de investimento ficavam mais à vontade para propor diversificações e, mesmo aos mais conservadores, alertavam: destine pelo menos 10% de sua carteira ao mercado de ações, porque, com os juros em queda, essa parcela pode ser eficiente para rentabilizar sua carteira.
Do final de janeiro até a última semana, o ganho do Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) foi de 34,49%, o CDI (juro praticado no mercado interbancário) bateu em 13,36%, e o ganho da poupança foi de 6,15%.
Agora a recomendação é recuar. "Por mais arrojado que você seja como investidor, não destine mais do que 30% de suas aplicações à Bolsa", diz um analista.
Costa, da Oryx, prefere uma carteira bem mais conservadora: 75% em fundos DI e 25% em fundos de renda fixa com títulos prefixados.
Para Monteiro, economista da Mercatto, não é hora de especular com juros. "O ideal é concentrar os recursos em fundo DI", diz ele. O fundo cambial pode ser uma opção a ser considerada em sua avaliação. Isso porque ele estima um pressão sobre o câmbio até o final do ano.



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