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CÂMBIO
Para Alcindo Ferreira, ex-diretor do BC, eleições na Argentina não devem provocar mudanças
Câmbio está sob controle, diz consultor
GUSTAVO CHACRA
da Reportagem Local
O Banco Central tem condições
de colocar a cotação da taxa de
câmbio no patamar que bem entender. Por isso, não terá dificuldades de atingir a meta de R$ 1,75
por dólar até o final do ano acertada com o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
É o que afirmou o consultor Alcindo Ferreira, que trabalhou no
Banco Central durante 20 anos,
tendo dirigido a área de câmbio
da instituição entre 93 e 94.
Otimista, Ferreira, que, no início da década, chegou a trabalhar
ao lado do atual presidente do
Banco Central, Armínio Fraga,
diz que o cenário político no Brasil não está ruim, mesmo com os
altos índices de reprovação ao governo de FHC. "É algo sazonal,
não há motivos para pânico."
As eleições de outubro na Argentina, para o consultor, não trarão mudanças no câmbio. "Estive
recentemente em Buenos Aires, e
lá todos dão como certa a vitória
de Fernando de La Rua, que, apesar de pertencer à oposição, já
prometeu não alterar a política
monetária do país."
Segundo o ex-diretor do BC, no
entanto, a desvalorização do real
foi desastrosa, pois não beneficiou ninguém. "Nem as exportações aumentaram." Foi, na sua
opinião, uma vitória dos desenvolvimentistas sobre os monetaristas. "A medida foi equivocada,
pois não é função do BC produzir
desenvolvimento. Quiseram privilegiar as exportações, mas isso
não adianta."
Ao comentar o câmbio livre,
Ferreira foi enfático: "Só quando
o Brasil tiver um equilíbrio fiscal",
disse o consultor, acrescentando
que o governo está realizando as
reformas dentro do prazo esperado. "A Inglaterra demorou oito
anos para concluir a reforma previdenciária", ressaltou. Para o
consultor, o Brasil é o país que,
com um imenso mercado a ser
explorado, tem mais chances de
ficar rico.
A seguir, o debate entre Alcindo
Ferreira e os participantes da palestra.
Pergunta - Qual a possibilidade de chegarmos a R$ 1,75 por
dólar, como impõe o FMI?
Alcindo Ferreira - O BC pode
colocar a taxa de câmbio onde
bem entender. O fluxo de dólares
é absolutamente controlável no
país. Nada impede que o BC fixe
um limite.
Pergunta - O BC terá controle
da situação de câmbio?
Ferreira - Sim, no momento em
que houver um número de consenso.
Pergunta - Qual é o custo de o
BC controlar o câmbio?
Ferreira - Se conseguirmos um
equilíbrio fiscal, a moeda estrangeira será apenas mais um mecanismo de política monetária.
Pergunta - O câmbio está refém das metas de inflação?
Ferreira - Com toda essa desvalorização, o efeito câmbio na inflação foi quase nulo.
Pergunta - Qual a sua avaliação sobre o cenário interno?
Ferreira - Estou otimista. O presidente está firme. Só poderia cair
se acontecessem eleições. A base
política está aí. Não é como no governo Sarney. A impopularidade
de FHC é sazonal.
Pergunta - Os mercados internacionais enxergam o país assim?
Ferreira - Enxergam, mas pode
haver uma indisposição com a
CPMF. Isso atrapalharia.
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