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Como os gestores driblam o risco
MARA LUQUET
Editora do Folhainvest
Ibrahim Eris, ex-presidente do
Banco Central, hoje sócio da Linear Investimentos e um prestigiado gestor de carteiras, tem um
princípio para suas decisões de investimentos: "Quero aplicações
com probabilidade pequena de ganhar muito, mas onde eu arrisque
pouco", diz.
Essa é sua maneira de encarar o
risco e deixá-lo sob controle diariamente, uma tarefa que não é fácil e um dos motivos pelos quais
um investidor entrega a um administrador suas aplicações.
"A única vez que abri mão desse
princípio entreguei boa parte do
nosso patrimônio", diz Eris. Isso
foi em outubro de 1997, quando
era deflagrada a crise dos mercados asiáticos. Naquela época, alguns fundos da Linear sofreram
perdas expressivas.
Hoje, eles estão na ponta ganhadora. Os fundos despontam entre
as melhores rentabilidades do ano
porque estavam com suas carteiras
compradas em dólar e ganharam
quando a moeda se valorizou frente ao real.
Até os anos 80, era a habilidade
do administrador o principal recurso para o controle de risco de
uma carteira de investimentos.
Nos anos 90, os modelos matemáticos foram ganhando cada vez
mais relevância. A crise deflagrada
pelos mercados asiáticos, contudo,
colocou em xeque esses modelos e
de novo a figura do administrador
desponta como o diferencial.
Em situações de crise o risco é de
rupturas de modelos econômicos.
Como no caso da desvalorização
cambial. Observe o gráfico abaixo.
Quem analisou o desempenho do
fundo Hedge 60 enxergou algumas
oscilações em relação à rentabilidade do CDI, o que já era um indicativo de risco. Mas seu histórico
não mostrava perdas tão expressivas como a que ocorreu com a desvalorização do real.
"O problema dos modelos de
controle de risco é que eles se baseiam nas oscilações passadas",
diz Emanuel Pereira, gestor do IP
GAP Hedge. "E aqui no Brasil a
gente vive permanentemente sob o
risco de ruptura", acrescenta.
Tome por exemplo o próprio
câmbio. Os modelos matemáticos
calculariam o risco de desvalorização medindo a oscilação do câmbio nos últimos anos. Mas como o
dólar estava sob as rédeas do Banco Central desde 1994, sua oscilação estava controlada. Dessa forma o risco era mínimo, matematicamente. Daí a importância da experiência do administrador.
Para José Carlos de Seixas Pinto,
diretor do banco Santander, o
maior risco desse momento é o de
credibilidade do governo, que pode desencadear a volta da inflação.
Nesse caso, diz João Teixeira, diretor do Dresdner Bank, o risco
atual é a volta da indexação. "O
ajuste fiscal que foi feito está sendo
percebido como insuficiente" diz.
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