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"Meu sonho
vai ter que
ser adiado"
da Reportagem Local
Se muitos cotistas do Boavista,
acostumados a administrar suas finanças e fazer aplicações, não entenderam como perderam suas
economias após a máxi, imagine a
reação de Danilo, 10.
O garoto tinha poupado, durante
alguns meses, parte de sua mesada
para garantir uma viagem para o
exterior. Já tinha juntado quase R$
2.000. Seu pai, o publicitário Renato Orlando Primi, 41, colocou o dinheiro num "cofrinho" que achava
seguro: o fundo Boavista Hedge 60.
"Fui na agência, na qual sou
cliente desde 97, e acabei optando
por esse fundo, que era classificado
como moderado", diz Primi. "Não
imaginava que o fundo pudesse ter
perda total do patrimônio", completa.
A reação do menino? "Contei para ele que o papai tinha colocado o
dinheiro em um banco, que perdeu todo dinheiro", lembra o pai.
"Pouco depois, ele já estava chorando, desconsolado."
˛
Desespero
Embora não tenha caído em lágrimas, Renato Primi também tinha motivos para se desesperar.
Mais de 35% de seu patrimônio estava no mesmo Boavista Hedge 60.
"Estava planejando montar minha própria agência de publicidade no mês que vem", diz. "O sonho
vai ser adiado."
A perda das economias também
vai afetar outros planos do publicitário. Isso porque seu orçamento
contava com os rendimentos mensais que o fundo proporcionava.
"Vou ter que cortar viagens, idas
ao restaurante e outros itens de lazer para poder ajustar as contas",
diz o publicitário.
Primi diz que não viu o regulamento do fundo. "Fiquei traumatizado", diz. "Confiei no folheto do
banco e acabei perdendo tudo."
Primi também ficou revoltado
com a falta de informações do Boavista sobre o que estava acontecendo com o dinheiro que estava aplicando nos fundos.
"Na hora de vender o fundo, o
pessoal da agência não pára de te
ligar", diz. "Mas, quando o real começou a desvalorizar, ninguém retornava minhas ligações."
(RODRIGO FRAN€A)
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