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JOSÉ RAINHA JR.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
""Foi em 1979. Eu estava fazendo a
Pastoral da Terra, a Pastoral da Juventude. Participava de Comunidades Eclesiais de Base. Entrei em
1978, com o Frei Betto. Tinha um
amigo, que era leigo, um engenheiro que articulava a Pastoral da
Terra no Espírito Santo e que me
passou o "Manifesto', em 1979 ou
1980, não me lembro bem, eu tinha 19 para 20 anos.
Primeiro, eu não entendi nada.
Quando você está fazendo a Pastoral da Juventude, como eu estava,
e lê o "Manifesto Comunista', você
ainda não tem noção de nada. Eu
não tinha noção de nada. Mas
aquilo tinha muito a ver com o que
eu estava fazendo. Quando eu li o
"Manifesto', as idéias do Marx e do
Engels, a visão que eles tinham do
mundo e do comunismo me impressionaram, porque eram muito
parecidas com o que eu falava na
comunidade, sobre um mundo
novo, de justiça, de igualdade, da
terra repartida, enfim, tinha muito
a ver comigo.
Eu lia muito a Bíblia, então eu
dizia: "Pô, será que esses caras pegaram isso aqui da Bíblia?'. Eu não
tinha noção. Eu dizia: "Esse Marx
deve ter sido um amigo de Jesus
Cristo'. Essas coisas vinham à minha cabeça. Que eles fossem irmãos ou parentes. Porque tinha
muito a ver uma coisa com a outra.
Eu fazia a Pastoral lendo a Bíblia.
Foi essa a comparação que eu fiz.
Isso marcou de uma forma muito forte a minha vida e me ajudou
muito depois, mais para a frente,
discutindo as idéias já socialistas,
com o nascimento do PT, logo em
seguida, encontrando com outros
amigos comunistas, na luta social,
ajudando a construção do Partido
dos Trabalhadores, fazendo movimento sindical. Voltei a ler o "Manifesto'. São idéias que permanecem vivas até hoje, para mim e para aquilo em que eu acredito, de
um mundo fraterno, igualitário,
justo.
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