São Paulo, domingo, 1 de fevereiro de 1998

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JOSÉ RAINHA JR.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

""Foi em 1979. Eu estava fazendo a Pastoral da Terra, a Pastoral da Juventude. Participava de Comunidades Eclesiais de Base. Entrei em 1978, com o Frei Betto. Tinha um amigo, que era leigo, um engenheiro que articulava a Pastoral da Terra no Espírito Santo e que me passou o "Manifesto', em 1979 ou 1980, não me lembro bem, eu tinha 19 para 20 anos.
Primeiro, eu não entendi nada. Quando você está fazendo a Pastoral da Juventude, como eu estava, e lê o "Manifesto Comunista', você ainda não tem noção de nada. Eu não tinha noção de nada. Mas aquilo tinha muito a ver com o que eu estava fazendo. Quando eu li o "Manifesto', as idéias do Marx e do Engels, a visão que eles tinham do mundo e do comunismo me impressionaram, porque eram muito parecidas com o que eu falava na comunidade, sobre um mundo novo, de justiça, de igualdade, da terra repartida, enfim, tinha muito a ver comigo.
Eu lia muito a Bíblia, então eu dizia: "Pô, será que esses caras pegaram isso aqui da Bíblia?'. Eu não tinha noção. Eu dizia: "Esse Marx deve ter sido um amigo de Jesus Cristo'. Essas coisas vinham à minha cabeça. Que eles fossem irmãos ou parentes. Porque tinha muito a ver uma coisa com a outra. Eu fazia a Pastoral lendo a Bíblia. Foi essa a comparação que eu fiz.
Isso marcou de uma forma muito forte a minha vida e me ajudou muito depois, mais para a frente, discutindo as idéias já socialistas, com o nascimento do PT, logo em seguida, encontrando com outros amigos comunistas, na luta social, ajudando a construção do Partido dos Trabalhadores, fazendo movimento sindical. Voltei a ler o "Manifesto'. São idéias que permanecem vivas até hoje, para mim e para aquilo em que eu acredito, de um mundo fraterno, igualitário, justo.



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