São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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Uma pequena história das edições

especial para a Folha

Foi pela Casa Garnier que o autor, ainda vivo, publicou seletas de parte de seus contos. Abrangem um terço deles. Após a morte de Machado de Assis, a Garnier publicou alguns volumes adicionais de contos, sob a orientação de Lúcia Miguel Pereira. A Garnier vendeu os direitos de publicação à Editora Jackson, a qual, durante muitos anos, reeditou 31 volumes de umas "Obras Completas". Esta edição serviu de base para várias outras editoras.
Em 1959, a Editora Aguilar (transformada depois em Nova Aguilar) lançou uma "Obra Completa", reeditada até hoje. Organizada por Afrânio Coutinho, a responsabilidade pela fixação de texto foi de J. Galante de Souza. Entre 1956 e 1958, Raymundo Magalhães Júnior publicou na Editora Civilização Brasileira uma série de coletâneas de contos (e mais crônicas e peças teatrais), muitos deles não incluídos nas edições Jackson e Aguilar; os direitos destas foram depois passados à Ediouro, que as reedita sem qualquer informação de data, procedência etc. Tais coletâneas incluem dez contos cuja autoria o organizador atribuiu a Machado, algo que não é isento de controvérsia.
Em 1975, apareceram as "Edições Críticas de Obras de Machado de Assis", Civilização Brasileira e MEC/INL, em 15 volumes, sob responsabilidade da Comissão Machado de Assis, designada pela Academia Brasileira de Letras. Incorpora apenas contos reunidos em livros. O trabalho, que não foi concluído, não é para o leitor comum.
Entre o final dos anos 80 e o início dos 90 a Livraria Garnier (não é, estritamente, a mesma Casa Garnier em que Machado editava), sob os auspícios da Fundação Casa de Rui Barbosa, publicou as obras reunidas em livros pelo autor (e mais um conto extenso, "Casa Velha") com nova fixação de texto. Estabelecimento de texto e notas de Adriano da Gama Kury.
Em 1996-97 foi a vez de a Editora Globo lançar as suas "Obras Completas", voltadas para a venda em bancas de jornais. A edição parece seguir quase estritamente a da Nova Aguilar, com acréscimos de contos colhidos na Jackson. Há raras correções de erros da Aguilar e adição de equívocos novos. Ocorrem também muitos deslizes tipográficos oriundos de má revisão de textos obtidos por reconhecimento óptico de caracteres (OCR). A edição foi realizada com assessoria editorial de Maria Augusta Fonseca (a qual não teve responsabilidade seja quanto aos métodos, seja quanto ao estabelecimento do texto); nomeia-se como revisor Levon Yacubian.
Em 1998, a Companhia das Letras publicou o conjunto "Contos - Uma Antologia", reunindo em dois volumes 75 contos selecionados e anotados pelo crítico inglês John Gledson. Nessa edição não se declara que o estabelecimento de texto seja do organizador. Indicam-se Carlos Alberto Inada como preparador e Ana Paula Castellani, Ana Maria Barbosa e Isabel Jorge Cury como revisoras. Afirma-se (duas vezes) que "esta é uma antologia muito mais ampla que a maioria das já publicadas", embora seja, e de longe, a menos ampla de todas as que o próprio organizador menciona. Por outro lado, inclui contos cuja íntegra permaneceu perdida durante quase um século. (CWA)


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