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A posição do Brasil
especial para a Folha
A delegação brasileira na reunião de Buenos Aires, assim como
em Kyoto, será chefiada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas. Ela teve um papel
destacado no Japão, ao apresentar
proposta que desembocou no
"mecanismo de desenvolvimento
limpo" (MDL) que estará no centro da pauta na Argentina.
A proposição brasileira original
era de um fundo para financiar
projetos de redução de gases-estufa nos países em desenvolvimento.
O "fundo verde" seria alimentado com multas por descumprimento de metas de redução. O país
que não cumprisse sua obrigação
teria de pagar "x" dólares por tonelada de carbono emitida além
de seu teto.
Ao menos com essa roupagem, a
idéia não prosperou. A mera palavra "fundo" provoca urticárias
nos negociadores dos países mais
desenvolvidos, que desde a Eco-92
receiam ser envolvidos em qualquer compromisso financeiro.
A proposta do governo brasileiro tinha também uma parte mais
técnica e menos conhecida. Ela sugere que se substitua o conceito de
emissões, estático, por outro mais
dinâmico, o da contribuição efetiva de cada país para o aumento da
temperatura média global.
O princípio equivale a embutir
nas metas a responsabilidade histórica dos desenvolvidos. Como os
gases-estufa têm longa permanência na atmosfera, sua capacidade
de aumentar a temperatura se prolonga por muitas décadas.
Acredita-se que mais de 80% do
aumento de temperatura já ocorrido se deve a emissões de países
do Anexo 1 antes de 1990. Do que
foi ou será emitido depois disso, a
contribuição do "Sul" para o
efeito estufa, no conceito brasileiro, só se equipararia à do "Norte" depois do ano 2100.
(ML)
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