São Paulo, Domingo, 02 de Janeiro de 2000


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"A Máquina do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade, é eleito o melhor poema brasileiro de todos os tempos
A máquina melancólica

da Redação

Se a seleção dos cem melhores poemas universais do século privilegiou a alta modernidade, a lista dos brasileiros de todos os tempos seguiu, coerentemente, o mesmo caminho. Com a exceção de um ou outro poema mais antigo, como os de um Gregório de Matos, um Tomás Antônio Gonzaga ou um Gonçalves Dias, quase todos os demais pertencem ao cânone modernista brasileiro, em particular ao modernismo da geração de 30 e 45.
No balanço final, cinco obras de Carlos Drummond de Andrade aparecem entre os 20 melhores da poesia brasileira. "A Máquina do Mundo", poema que encabeça a lista, escrito em 1952, em decassílabos brancos, é a retomada de um célebre episódio de "Os Lusíadas", de Luís de Camões. Nele, tal como acontece a Vasco da Gama, a totalidade do Universo se apresenta à visão do narrador -que, no entanto, desencantado, lhe dá as costas.
Dividindo com Drummond o posto de maior poeta brasileiro, o pernambucano João Cabral de Melo Neto, morto em outubro passado, recebeu quase um quarto das indicações da lista: 7 em 30. Dele, o preferido na média do júri foi "O Cão sem Plumas", que ocupa o sexto lugar.
Como constata o tradutor José Lino Grünewald, a diversidade das preferências pessoais foi superada por "uma clara opção pelos mais modernos, que se aproximam mais de nossa realidade".
Essa preferência pelos mais modernos foi responsável, porém, pela ausência de alguns clássicos da literatura brasileira, como Cláudio Manuel da Costa e Castro Alves. O que não significa que esses poetas, e outros mais, não merecessem integrar o melhor da poesia brasileira.
"O sentido da lista é despertar o interesse do leitor para essas criações do espírito humano, e não hierarquizar juízos de valores", conclui Leonardo Fróes.
(MAURÍCIO SANTANA DIAS)

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