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"A Máquina do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade, é eleito o melhor poema brasileiro de todos os tempos
A máquina melancólica
da Redação
Se a seleção dos cem melhores poemas universais do século privilegiou
a alta modernidade, a lista dos brasileiros
de todos os tempos seguiu, coerentemente, o mesmo caminho. Com a exceção de um ou outro poema mais antigo,
como os de um Gregório de Matos, um
Tomás Antônio Gonzaga ou um Gonçalves Dias, quase todos os demais pertencem ao cânone modernista brasileiro,
em particular ao modernismo da geração de 30 e 45.
No balanço final, cinco obras de Carlos
Drummond de Andrade aparecem entre
os 20 melhores da poesia brasileira. "A
Máquina do Mundo", poema que encabeça a lista, escrito em 1952, em decassílabos brancos, é a retomada de um célebre episódio de "Os Lusíadas", de Luís de
Camões. Nele, tal como acontece a Vasco
da Gama, a totalidade do Universo se
apresenta à visão do narrador -que, no
entanto, desencantado, lhe dá as costas.
Dividindo com Drummond o posto de
maior poeta brasileiro, o pernambucano
João Cabral de Melo Neto, morto em outubro passado, recebeu quase um quarto
das indicações da lista: 7 em 30. Dele, o
preferido na média do júri foi "O Cão
sem Plumas", que ocupa o sexto lugar.
Como constata o tradutor José Lino
Grünewald, a diversidade das preferências pessoais foi superada por "uma clara
opção pelos mais modernos, que se
aproximam mais de nossa realidade".
Essa preferência pelos mais modernos
foi responsável, porém, pela ausência de
alguns clássicos da literatura brasileira,
como Cláudio Manuel da Costa e Castro
Alves. O que não significa que esses poetas, e outros mais, não merecessem integrar o melhor da poesia brasileira.
"O sentido da lista é despertar o interesse do leitor para essas criações do espírito humano, e não hierarquizar juízos
de valores", conclui Leonardo Fróes.
(MAURÍCIO SANTANA DIAS)
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