São Paulo, domingo, 02 de abril de 2000 |
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RONALDO VAINFAS Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha (Ed. Francisco Alves) - Não era historiador, mas com razão é considerado um dos primeiros sociólogos brasileiros. Pôs em cena o sertão nordestino e foi cronista da guerra de Canudos, iluminando face até hoje encoberta do Brasil. Coronelismo, Enxada e Voto (1949), de Victor Nunes Leal (Ed. Nova Fronteira) - Um clássico sobre as relações entre poder local e poder central no Brasil. Mostra como o primeiro sempre foi chave, apesar da centralização política brasileira vigente desde o Império. Os Donos do Poder (1959), 2 volumes, de Raymundo Faoro (Ed. Globo) -A melhor síntese sobre a história político-institucional brasileira desde a Colônia até a década de 50. A segunda edição de 1975 avança e ajuda a compreender a instauração do regime militar em 1964. O Colapso do Populismo no Brasil (1967), de Octávio Ianni (Ed. Civilização Brasileira) - Livro admirável, entre tantos de Ianni, porque defende como ninguém a interpretação do populismo como "pacto" entre a burguesia e o proletariado. É antivarguista, claro, mas ilumina uma aliança fundamental para os trabalhadores brasileiros. A Revolução de 1930 (1970), de Boris Fausto (Ed. Companhia das Letras) -Ensaio clássico sobre o jogo de forças políticas que levou à ascensão de Getúlio Vargas, com destaque para a análise da "crise dos anos 20". Liberalismo e Sindicato no Brasil (1976), de Luís Werneck Vianna - (Ed. Paz e Terra) - Creio ser o melhor estudo sobre a história do sindicalismo no Brasil, porque combina informação institucional com reflexão teórica. É definitiva sua análise sobre a superação do "liberalismo fordista" pelo corporativismo getulista, baseado em Gramsci. O Cativeiro da Terra (1979), de José de Souza Martins (Ed. Hucitec) -Um livro cirúrgico sobre as relações de trabalho presentes no colonato, emblema de como se fez a transição para o assalariamento rural no Brasil. Teoricamente denso, é livro que ensina muito sobre a burguesia não-capitalista do país. 1930 - O Silêncio dos Vencidos (1981), de Edgard De Decca (Brasiliense) - Um exemplo da historiografia paulista exageradamente antivarguista. No entanto, descortinou as alternativas revolucionárias nos anos 20 e 30 e mostrou como as desastradas atitudes do Partido Comunista puseram a perder o movimento operário no Brasil. Os Bestializados (1987), de José Murilo de Carvalho (Ed. Companhia das Letras) - Outro clássico de nossa historiografia, pois mostra como o "povo brasileiro" era mais esperto do que pensavam os adversos. Não ligou para a proclamação da República nem para a política institucional, percebendo-as como vis, e foi tratar de outras coisas, resistindo à sua maneira. A Invenção do Trabalhismo , (1988) de Angela de Castro Gomes (Ed. Relume-Dumará) - É a grande referência para estudar o regime instaurado entre 1930 e 37 no Brasil em contraponto à historiografia paulista, na verdade muito opositora de Vargas. Ângela leva o trabalhismo a sério e, sem endossar o "getulismo", consegue explicar a longevidade do regime no campo do imaginário político. Texto Anterior: Manolo Florentino Próximo Texto: Boris Fausto: A velha elite paulista Índice |
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