São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

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COMUNISMO
Marx foi um autor brilhante, mais que profundo. Ele conseguiu superar as outras correntes socialistas por seu gosto pela fórmula. "A religião é o ópio do povo" é uma fórmula chocante, mais que profunda. Em meio à intensa criatividade dos diversos reformadores sociais do século 19, afinal foi o comunismo que ganhou a aposta e aplicou suas receitas, baseadas inicialmente em uma redução errada à economia .
Não podia dar certo. Por muitos motivos. Um sistema desse tipo não podia funcionar sem mística. E Marx, convencido de ter encontrado o alfa e o ômega na economia, não conseguiu perceber isso. Platão não se exprime muito extensamente sobre o assunto, mas pretende que o comunismo só seria possível no comunismo das mulheres e das crianças. É um ponto de vista que precisaria ser aprofundado, talvez se sustente. Marx chegou a um impasse sobre muitos assuntos. Ele não tem nada a dizer sobre a organização familiar. Nada tampouco sobre um ponto muito difícil, é verdade, mas fundamental: a motivação dos produtores. O que faz alguém trabalhar? O liberalismo tem uma resposta simples: é para ganhar mais dinheiro que o vizinho. Sobre essa questão o comunismo é absolutamente seco. Resultado: as pessoas não trabalhavam nos países do Leste.
Politicamente, a solução chinesa de sair disso sem nada dizer não é ruim. Regra geral, somos muito negativos com a hipocrisia nesse tipo de terreno. Pode ser uma boa fórmula manter as palavras, manter os rituais e mudar tudo.


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