São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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CIÊNCIA POLÍTICA

por Wanderley Guilherme dos Santos

A Constituição dos Atenienses (cerca de 415-412 a.C.)
Assinada por um velho oligarca e indevidamente atribuída a Xenófanes, o orador. Trata-se de aguda crítica das vulnerabilidades da democracia ateniense e de obra cujos argumentos são mais ricos que as objeções dos conservadores atuais.

Areopagítico (cerca de 355 a.C.)
de Isócrates Discurso em defesa da paz entre os gregos, servindo de oportunidade para reconciliar a organização oligárquica do poder com as reconhecidas virtudes da democracia.

Democracy and Participation in Athens
[Democracia e Participação em Atenas], de R.K. Sinclair Cambridge University Press, 1988 A evolução da pólis e da democracia ateniense clássica segundo a legislação e a mecânica do processo eleitoral.

Roman Voting Assemblies from the Hannibalic War to the Dictatorship of Caesar
[As Assembléias de Votação Romanas das Guerras de Aníbal à Ditadura de César], de L.R. Taylor The University of Michigan Press (EUA), 1966 Obra de referência, como a de Sinclair, tratando da evolução e da mecânica da participação na república romana no período considerado. Outros livros são mais abrangentes, mas o de Lily Ross Taylor é o modelo de todos.

Les Lois de l"Imitation
[As Leis da Imitação], de Gabriel Tarde Sem pertencerem ao sistema universitário, as teorias sociais de Tarde ficaram um século soterradas pelas não menos brilhantes elaborações de Emile Durkheim. Opostas a elas, as reflexões de Tarde assentam, na França, o fundamento dos estudos dos fenômenos sociais e políticos na escala micrométrica, nas relações realmente elementares, assim como das investigações sobre a difusão, na sociedade envolvente, de hábitos, costumes e acontecimentos de toda ordem que se originam em pontos minúsculos do mapa social. Ele identificou, na crescente publicação de jornais e revistas, a constituição de uma verdadeira opinião pública (ver "A Opinião e a Massa").

Nota
Provavelmente todos os que listam preciosidades para tê-las em português experimentam a mesma surpresa. Descobri que cerca de dez obras estavam traduzidas, embora esgotadas ou difíceis de localizar, como "A Servidão Voluntária" (E. de la Boetie), "Psicologia das Multidões" (G. Le Bon), "Memórias sobre o Pauperismo" (A. de Tocqueville), "O Defensor da Paz" (Marcílio de Pádua), "O Conceito de "Político'" (C. Schimitt). Amostra da diversidade ilustra a questão. Decidi por sugerir trabalhos da ou sobre a Antigüidade clássica, com uma exceção.


Wanderley Guilherme dos Santos é cientista político e professor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro). É autor de "O Cálculo do Conflito" (ed. UFMG).

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