São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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MÚSICA

por Carlos Sandroni

How Musical Is Man?
[Quão Musical É o Homem?], de John Blacking Londres/Seattle (EUA), University of Washington Press, 1973 Clássico indiscutível dos estudos musicais. Já traduzido para o grego, o japonês e o serbo-croata, entre outros, este pequeno livro põe em questão a idéia mesma de "musicalidade". Afinal, até que ponto é musical o ser humano? Mas será que sabemos mesmo o que é "musicalidade"? Definindo a música como "som humanamente organizado", Blacking propõe que esta, como a linguagem para Chomsky, seja vista como uma capacidade inata do ser humano e faz crítica implacável da ideologia do "talento".

La Musique et la Transe
[A Música e o Transe], de Gilbert Rouget Paris, ed. Gallimard, 1980 Sucessor de André Schaeffner na chefia da seção musical do Museu do Homem, Rouget é hoje o decano da etnomusicologia francesa. Africanista, discute neste livro as relações entre música e transe entre gregos, árabes, na música clássica ocidental (vendo na ópera um avatar da possessão) e também, é claro, nas culturas africanas e afro-americanas. Sua tradução seria oportuna, entre outras razões, por ser o Brasil, possivelmente, um dos países do mundo com maior ocorrência cotidiana de transes musicais.

Why Suyá Sing? A Musical Anthropology of an Amazonian People
[Por que Cantam os Suiás? Uma Antropologia Musical de um Povo Amazônico], de Anthony Seeger Cambridge University Press,1987 Seeger morou no Brasil nos anos 1970, sendo até hoje profundamente ligado ao país. Baseado em sua convivência de anos com os suiás do Xingu, propõe neste livro uma interpretação dos seus gêneros vocais, a "akia" e o "ngere", ao mesmo tempo em que dá uma visão abrangente do papel da música nas sociedades ameríndias e sugere pistas para uma compreensão musical das culturas humanas.

La Passion Musicale - Une Sociologie de la Médiation
[A Paixão Musical - Uma Sociologia da Mediação], de Antoine Hennion Paris, Métailié, 1993 A sociologia da arte partiu de objetos, quadros, esculturas, etc. em busca de mediações sociais que os produziram e que se esconderiam atrás deles. A música, no entanto, está sempre mostrando suas mediações sem o menor pudor, a começar pelas que se dão entre intérpretes e ouvintes. A sociologia da música não deveria andar em busca de "contextos", pois a música não é um objeto, mas um processo, em si mesmo social.

The Cultural Study of Music - A Critical Introduction
[O Estudo Cultural da Música -Uma Introdução Crítica], organizado por Martin Clayton, Trevor Herbert, Richard Middleton Nova York/Londres, Routledge, 2003 Reúne etnomusicólogos, como Clayton e Jeff Titon, estudiosos da música pop, como Middleton e Simon Frith, e expoentes da "musicologia crítica", como Lawrence Kramer e Nicholas Cook. Traça variado panorama das possibilidades de um estudo da música muito além de velhas dicotomias, como as que separam "musicologia histórica", sobre se ela ainda é possível -pergunta o título de um dos ensaios- e etnomusicologia pensada enquanto estudo de músicas exóticas.
Carlos Sandroni é compositor e professor de etnomusicologia, autor de "Feitiço Decente" (ed. Jorge Zahar).

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