São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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FILOSOFIA

por Bento Prado Jr.

Aphorismen
[Aforismos], de Georg Christoph Lichtenberg Pelo menos uma antologia dos aforismos (dada a extensão da obra, publicada em cinco volumes) exige imediata publicação. Pensador alemão da segunda metade do século 18, "Aufklärer" cético, oscilou entre Kant e Espinosa. Impregnado pelo espírito do movimento "Sturm und Drang", não chegou a aderir ao "entusiasmo" romântico. Considerado o melhor escritor da literatura alemã por Nietzsche, marcou também, nos séculos 19 e 20, autores como William James e Ludwig Wittgenstein.

Quid Aristotele de Loco Senserit
de Henri Bergson Tese latina complementar à tese principal "Os Dados Imediatos da Consciência". Texto curto, poderia ser editado no Brasil em edição bilíngüe. Nesse texto, a análise imanente do conceito de "lugar", central na física e na filosofia de Aristóteles, complementa o esforço teórico da tese principal, ou seja, a tentativa de trazer à luz os limites da filosofia ocidental, que põem obstáculo à exploração da verdadeira temporalidade ou da "duração".

La Transcendance de l'Ego
[A Transcendência do Ego], de Jean-Paul Sartre Este pequeno livro é a primeira obra propriamente filosófica de Sartre. Independentemente de conter as sementes do rico destino posterior de seu pensamento, aqui encontramos uma apropriação crítica da filosofia de Husserl que, por si mesma, é da maior importância para o pensamento contemporâneo. O filósofo de hoje tem muito a aprender nesta obra de juventude.

Le Bergsonisme
[O Bergsonismo], de Albert Thibaudet Neste livro, o extraordinário historiador da literatura francesa faz obra da melhor historiografia filosófica. Podemos dizer que se trata da melhor análise da filosofia de Bergson que, escrita na primeira metade do século 19 (o livro foi publicado em 1923), jamais foi superada pela literatura posterior.

Descartes' Dualism
[O Dualismo de Descartes], de Gordon Baker e Katherine J. Morris O livro desmonta a interpretação da filosofia de Descartes proposta pela tradição da filosofia analítica. Uma tradição que mais polemiza com Descartes do que o interpreta. À idéia de Ryle, de que cabe a Descartes a culpa da criação do mito do "fantasma da máquina", opõe-se aqui a idéia de que a tradição analítica lê mal a filosofia clássica, produzindo o "mito" do dualismo cartesiano, interpretando-o de maneira canhestra.
Bento Prado Jr. é filósofo, professor de filosofia na Universidade Federal de São Carlos (SP) e professor emérito da USP. É autor de "Presença e Campo Transcendental" (Edusp).

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