São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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RISCO NO DISCO
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LEDUSHA

Passos noturnos encharcados de melodia e chuva. Tempo mastigando o tempo. O homem sopra argolas de fumaça contra a luz da luminária, retalhos de palavras fugidias. A sala impregnada pelo odor dos livros. Houve um final de inverno que a trouxe quase muda.
Chegou envolta em véus de vento, nos olhos o sangue diluído do crepúsculo. Bebeu o vinho, devorou as peras, adormeceu no tapete azulado. Num amanhecer partiu, em saltos de gazela. Por onde passou bosques frescos nasceram. Agora um silvo acena além das janelas embaçadas. O homem permanece afagando o cão. Observa os ciclos, os círculos, os primeiros estalos da primavera.



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