São Paulo, domingo, 8 de fevereiro de 1998

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Murilo Mendes escreve sobre Eisenstein

GRAFITO PARA SERGEI EISENSTEIN

A imagem macho & fêmea
Num ritmo preto & branco
Caminha
Em cortes progressivos
Dentados antagônicos
De linhas paralelas
Diagonais monumentais.

O horizonte do filme
Cresce, a consciência
Marcha em nós, mil, de
Partícipes imediatos, da
Cooperativa que somos
Ou deveríamos ser,
De contrastes que portamos
Em giro, visão & sangue.

A imagem sobe, escandindo
Átono ou esdrúxulo
O canto coral do homem,
Luta do múltiplo contra uno,
Torna-se fato, medida
Do ótico que subsiste
Em cada espectador,
Épico,
Espéculo.

Roma 1962


MURILO MENDES
(extraído de "Convergência")



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