São Paulo, domingo, 08 de abril de 2001

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Manifestação efêmera por excelência, o grafite está prestes a ganhar o suporte duradouro do livro. Neste semestre o designer e produtor gráfico Marcos Mello, 36, lança "Graffiti - São Paulo-Brasil", que reproduz imagens gravadas nos muros paulistanos desde 1975.

Quem são os grafiteiros?
De uma maneira geral, prefiro não classificar quem "grafita" em grupos ou tribos urbanas. Acho que o grafite é uma linguagem que transcende o tempo, é inerente ao homem... Mas historicamente podemos identificar grupos dentro de culturas como a do hip-hop, em que dança, música e grafite se tornam atitude de certos jovens.

Ao ir das ruas para exposições e livros, o grafite estaria se institucionalizando?
Sim, ele se torna outra coisa, perde sua característica efêmera, de surpresa, intervenção, apropriação indébita. Fala-se até de seu fim: comportar o que não deve ser comportado.

O grafite tem uma linguagem própria?
O grafite é um corpo tradutor direto de expressão, tanto de cunho sociopolítico quanto estético e artístico. Ele traduz o momento, a cultura e a realidade de quem a inscreve, tornando-se camada de informação e contrainformação dentro do espaço urbano. Hoje atravessamos um momento muito fértil em nossa produção, que tem consistência e personalidade. O grafite reflete nossa diversidade cultural, nosso improviso, nossa ginga, traduzida em cores, materiais e traços.

Em que lugares a sua prática é mais forte?
Acredito que, hoje, o grafite esteja bem disseminado e variado. Não há a um determinado lugar para se grafitar. Este é que é realmente o "jogo" do grafite em relação ao observador, a surpresa, o inesperado.

O que acha do projeto da Prefeitura de São Paulo de "abrir os muros" aos grafiteiros?
Acho o projeto válido, mas cria um certo tipo de "comportamento" em relação à atitude e à postura de quem realmente faz grafite.



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