São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cadê Zazá?

A VIDA COMO OBRA DE ARTE

O ENSAÍSTA USA COMO PONTO DE PARTIDA A ANEDOTA DO USO DE UMA CALCINHA POR UM HOMEM PARA DISCUTIR A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NA PÓS-MODERNIDADE

[por Silviano Santiago]

Começarei a discussão sobre hermenêutica do sujeito, pós-modernidade e estética por uma anedota. Por meio dela, e com a ajuda de Michel Foucault, estarei primeiramente perguntando como é que o governo de si por si mesmo articula as relações do sujeito com o outro e com a comunidade.
Num segundo momento, o curto relato nos ajudará a compreender o modo como a formação do sujeito na pós-modernidade está se constituindo, para valer de conceito do filósofo francês, pelas "técnicas da vida", e não mais segundo o recalque determinado pelo interdito e pela lei. Esse movimento de ressemantização do sujeito pelo próprio sujeito -processo de subjetivação- não pode ser dissociado, no caso do relato que nos servirá de exemplo, da luta contra a ditadura militar implantada no Brasil em 1964 nem pode ser dissociado, numa segunda instância, de uma discussão sobre poder totalitário e liberdade.
Retomando palavras de Nietzsche, a anedota servirá para narrar o modo como novas possibilidades de vida são inventadas pelos jovens atores na cena cultural brasileira do final do século 20, auxiliando a realçar, pela figura da esteticização da existência, o modo como o sujeito constitui para si próprio um verdadeiro estilo de vida. A anedota poderá servir, finalmente, como manifestação de "vitalismo", como quer Gilles Deleuze, vitalismo que se constitui tendo como pano de fundo a estética. Tomemos outras palavras de Foucault para antecipar o movimento geral do nosso raciocínio: estaremos diante de um exemplo estético em que se observará como a arte de si mesmo se alicerça em fundamento ético.
Vamos à anedota. Por ter sido inaugural é ela hoje corriqueira. Luiz Carlos Maciel, guru dos anos 70, narra em "As Quatro Estações", livro recém-publicado pela Record, o seguinte episódio: "1972. Estou na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, na frente do píer. Não estou de calção. Visto uma calcinha Zazá, de Célia. É uma atitude unissex que resolvi adotar para deixar clara, de uma maneira suficientemente inocente, minha adesão à revolução do comportamento de que tanto se fala.// Lembro-me da primeira vez que vesti uma calcinha de mulher: tive uma ereção imediatamente. (...) Não me senti como uma mulher vestindo uma calcinha; senti como se fosse a carne feminina, e não um pedaço de pano, que roçava em meu sexo. (...) Eu e outros frequentadores do pedaço gostamos de achar que (o píer) é um território livre dentro do Brasil ditatorial. A falta de liberdade política é substituída por outras liberdades -a sexual, a de tomar drogas, a de pensar a loucura que se quiser...".
Liberemos os elementos constitutivos desse relato exemplar de uma filosofia da manhã, sexualizada, alegre e irônica. A marca social que define o corpo como masculino é o calção que recobre a nudez na praia. O calção não destaca o sujeito, aniquila-o, reduzindo-o à condição de todo e qualquer homem no papel de macho. O sujeito masculino abraça a revolução de comportamento de que tanto se fala a fim de interferir no estado atual das coisas. Reconstrói-se, primeiro, a si num espaço social em que as marcas do sexo biológico distanciam, em lugar de aproximar, os parceiros.
Ele sai à procura de experimentos, não no campo minado e estreito da política nacional, mas no campo fugaz e irônico do comportamento humano. Inventa para si um estilo, um estilo de vida experimental, que é transformador da realidade nacional, que o circunda de maneira intolerável e intolerante, limitando-lhe o horizonte. Como assinala Sócrates na "Apologia", o filósofo, "ao ensinar aos cidadãos a cuidarem de si mesmos (mais do que dos seus bens), ensina-lhes também a ocuparem-se da própria cidade (mais do que de seus negócios materiais)".
O sujeito passa a escrever uma história alegre para o próprio corpo, que é distinta das histórias sombrias que têm sido escritas pela ética sobre o relacionamento homem-mulher. Da vida íntima da mulher o sujeito subtrai a peça mais íntima: a calcinha. Troca o calção pela calcinha Zazá no espaço público. Ao vestir a peça íntima feminina, o corpo masculino transita a própria e nova intimidade pela praia, pela cidade, pelo mundo, desmascarando convenções. Ao incorporar a intimidade do feminino à sociabilidade do masculino, incorpora também a sociabilidade do masculino à intimidade do feminino. Torna-se outro, sem ser o outro propriamente dito.
Não se trata de subterfúgio para redesenhar o homem como mulher, forma em nada sutil de autocastração. Habita a instabilidade do devir, constituindo para si e para o semelhante uma ponte identitária fraterna por onde passarão a transitar os diversos gêneros. A calcinha é mediadora. Diz o texto que ela é "unissex". A ambiguidade da performance potencializa um novo estilo de vida, vale dizer, novas emoções humanas, demasiadamente humanas.
Escreve o narrador: "Não me senti como uma mulher vestindo uma calcinha". Sente a calcinha como se fosse ela a própria intimidade da carne feminina a roçar-lhe a pele. A calcinha não entorpece os sentidos, ativa-os, direcionando-os para os canais da sexualidade. Potencializa o gozo e a alegria da vida. Nessa mesma passagem, o narrador diz que o mesmo tinha acontecido -segundo o testemunho dele- com o dramaturgo Julian Beck, do Living Theater.
Como a palavra num poema, a calcinha na fala pacífica do corpo masculino pode ser uma arma. Ela serve para constituir, acima de qualquer distinção de gênero, um espaço fraterno de liberdade dentro da praia de Ipanema, no píer. Serve para ali, ao sol de uma nova manhã, estabelecer um reduto clandestino de luta contra a ditadura militar. A ação de cada um/a dos frequentadores do píer é uma performance, no sentido teatral do termo, em que o desejo se torna o ator mais eficiente na luta política contra a ditadura. Teatro ao vivo, Living Theater. O desmascaramento do totalitarismo militar não se dá pelas armas dum outro totalitarismo, o ideológico, que se lhe opunha no campo da atualidade.
O jogo do poder é minado pelo mais básico dos questionamentos éticos que dele se pode fazer, já que se encontra estimulado pela análise das relações injustas de poder no plano das relações humanas. O desmascaramento das regras e ações da ditadura se dá por uma regra e uma ação alternativas, orquestradas por sujeitos que, no processo de liberação do desejo, são atores de fala performática, tomando agora o adjetivo (performático) no seu sentido linguístico.


COMO DIZ DELEUZE DE MANEIRA APARENTEMENTE ENIGMÁTICA: FOUCAULT VAI BUSCAR NA HISTÓRIA O CONJUNTO DAS CONDIÇÕES QUASE NEGATIVAS QUE TORNAM POSSÍVEL A EXPERIMENTAÇÃO DE ALGUMA COISA QUE ESCAPA À HISTÓRIA


Façamos também um flashback teórico. A década de 80 se abre por um importante deslocamento nas preocupações básicas de Michel Foucault. Vale dizer, por uma nova crise. Suas pesquisas anteriores, praticamente restritas ao binômio saber e poder, são reorientadas para uma terceira dimensão, ou seja, pelo que posteriormente ficou sendo conhecido como modos de subjetivação. O curso que profere em 1980-1981 no Collège de France, intitulado "Subjetividade e Verdade", coloca de maneira explícita a seguinte questão: "De que maneira um sujeito foi estabelecido como objeto do conhecimento possível, desejável ou até mesmo indispensável, em diferentes momentos e em diferentes contextos institucionais?". Como primeira resposta à questão, o filósofo adentra o período greco-romano, momento histórico em que se dá a transformação do pensamento heleno em moral cristã. Esse retorno aos antigos tinha um fio condutor também explícito, as "técnicas de si".
São esses, segundo as palavras do mestre, os procedimentos pressupostos ou prescritos aos indivíduos para fixar sua identidade, mantê-la ou transformá-la, graças a relações de domínio de si sobre si ou de conhecimento de si por si. O fio condutor serve para que o filósofo recoloque o imperativo socrático (conhece-te a ti mesmo) sob a perspectiva do nosso tempo -que fazer de si mesmo na atualidade?
Para responder de maneira concreta às questões (não esqueçamos de que para o filósofo é indispensável definir o momento e o contexto institucional em que se coloca a questão), Foucault volta os olhos para textos pouco canônicos da Antiguidade. Limita o seu trabalho de pesquisa ao período que vai de Sócrates a Gregório de Nícia. Pela leitura deles detecta que não é só a filosofia que está sendo assimilada ao cuidado da alma, também o ascetismo cristão, que por seu turno se coloca sob o cuidado de si. Foucault não tem a intenção de aplicar os achados e conclusões a que chega pela reflexão histórica à compreensão de graves problemas da nossa época.
A história para Foucault, escreve Deleuze, não serve para estabelecer a nossa identidade, mas dissipa esta em favor do outro que somos. A intenção da volta ao passado greco-romano é a de deixar à vista dos contemporâneos os pressupostos da invenção de um modo de existência estético pelos gregos. Como diz Gilles Deleuze de maneira aparentemente enigmática: Foucault vai buscar na história o conjunto das condições quase negativas que tornam possível a experimentação de alguma coisa que escapa à história. Segundo ele, para Foucault pensar é experimentar algo que escapa à história.
No entanto a experimentação sem o fundamento histórico se torna indeterminada. Por outro lado, a experimentação, ao escapar da história, finca pé na filosofia. Repitamos: pensar é experimentar, como fica claro no relato carioca de que estamos nos valendo.
O seminário seguinte de Michel Foucault no Collège de France -o de 1981-1982, publicado sob forma de livro neste ano em Paris e intitulado "A Hermenêutica do Sujeito"- serve para colocar algumas questões complementares. Interessemo-nos por uma delas, ao mesmo tempo em que assinalamos uma aproximação inusitada, Michel Foucault e Jacques Derrida. Estaremos nos referindo à leitura que fez Derrida do diálogo "Fedro". Paralelamente às especulações metafísicas de Jacques Derrida em "A Farmácia de Platão" (ed. Iluminuras), Michel Foucault indaga sobre o modo de existência em nós dos discursos verdadeiros.
Encaminha o raciocínio do leitor para o citado diálogo platônico, levando-o a atentar para o fato de que o modo de existência dos discursos deve ser buscado num movimento de compreensão do saber sobre si próprio muito diferente daquele prescrito por Sócrates, quando pede à alma para se voltar sobre si mesma para reencontrar sua verdadeira natureza.
Para que melhor nos orientemos na resposta dada por Foucault à questão, façamos um rapidíssimo deslocamento pela leitura feita por Jacques Derrida do diálogo "Fedro". A desconstrução do paradigma platônico aponta para o fato de que a eleição da filosofia como único caminho que conduz à busca da verdade é montada em cima de dois processos violentos de hierarquização. Conceitos opostos -filosofia x sofística, escrita da alma x discurso- são dramatizados no diálogo platônico para que ali se instale uma preferência. À hierarquização (filosofia e escrita da alma recebem marca positiva) se segue um processo de rebaixamento dos outros dois elementos em jogo (sofística e discurso escrito recebem marca negativa), com a consequente exclusão dos últimos do domínio da metafísica ocidental.
O filósofo rebaixa o sofista, excluindo-o da comunidade dos homens. A voz interior rebaixa a escrita, excluindo-a da comunidade filosófica. O filósofo, de pé e ao lado do seu discurso vivo, o protege e o auxilia enquanto afirma que o sofista é o "homem da não-presença, da não-verdade". Sócrates procura mostrar ao jovem Fedro, reprodutor das palavras de Lísias, como ele próprio pode no futuro produzir os próprios signos que o expressam, desde que não se atenha à reprodução de textos escritos alheios e aceite as regras do verdadeiro filosofar. Pelo ensinamento dos sofistas, Fedro tinha sido adestrado para convencer os seus ouvintes, levando-os ao conhecimento pela verossimilhança. Era preciso que ele se livrasse uma vez por todas dos logógrafos (escritores de discursos).
Retomemos Michel Foucault, onde o tínhamos deixado, ou seja, na "reversão ("renversement") do platonismo". Continua ele: "O que Plutarco ou Sêneca sugerem, ao contrário (do que afirma Sócrates), é a absorção de uma verdade dada por um ensinamento, uma leitura ou um conselho; e ela é assimilada até que se torne uma parte de si mesmo, um princípio interior, permanente e sempre ativo de ação". E conclui, acentuando o peso que a discussão sobre a memória fora do paradigma platônico passa a ter: "Numa prática como essa, não se encontra uma verdade escondida no fundo de si mesma, pelo movimento da reminiscência; as verdades recebidas são interiorizadas por uma apropriação cada vez mais acentuada".
Conhece-te a ti mesmo, sim, mas pelo desvio do discurso do outro, pelo desvio da leitura e da escuta, pelo desvio da apropriação. Ou, nas palavras de Foucault, "trata-se (...) de armar o sujeito de uma verdade que não conhecia e que não residia nele; trata-se de fazer dessa verdade aprendida, memorizada, progressivamente aplicada, um quase-sujeito que reina soberano em nós mesmos". Paradoxalmente, a memória, antes de ser reminiscência, é apropriação; o presente, antes de ser volta ao passado, é mirada para o futuro; a vida, antes de ser balanço, é processo de transformação. A memória (o presente, a vida) se exercita sob a forma de "exercícios progressivos de memorização", desde que nos entendamos sobre o sentido novo dessa palavra.
A partir da leitura de Marco Aurélio, Foucault redefine o novo processo de funcionamento da memória: "Deve-se ter em si mesmo uma espécie de livro, que se relê de vez em quando". Esse livro que se relê é multivocal. O processo de subjetivação nada tem a ver, como na anedota brasileira, com a vida privada de um único indivíduo. Tem muito mais a ver com o modo como uma comunidade, no caso a dos frequentadores do píer de Ipanema na década de 70, experimenta a condição de sujeitos à margem do saber constituído e do poder dominante; tem mais a ver com o modo como estão se aparelhando para se entregarem à invenção de novas formas de saber (por exemplo, a cidadania) e de poder (por exemplo, a democracia). Alerta Deleuze para o fato de que, em muitas formações sociais, não são os mestres, mas antes os excluídos sociais, que constituem o foro de subjetivação.
Dissemos atrás que a anedota fora inaugural, hoje é corriqueira na medida em que o saber nela penetrou e o poder dela se apropriou. Na sua fase inaugural, no entanto, quando expressava um "querer-artista" que era irredutível ao saber e ao poder dominantes, ela era a expressão duma "espontaneidade rebelde". Narra o modo pelo qual um modelo exemplar de comportamento explode no cotidiano, substantivando um campo magnetizado, influente a partir das intensidades adjetivas que para ele refluem. Quando se diz modelo exemplar, é preciso no entanto tomar um pequeno cuidado. Não existe por detrás da prática de subjetivação a vontade de impor aquele comportamento específico (no caso, o uso em público da calcinha pelo homem) como bom para todas as pessoas.
A experiência a que estamos nos referindo não se confunde com a do artista pop, que deseja impor a todos, pelo espetáculo circense, o seu comportamento singular como modelo a ser imitado, copiado pelos fãs. A subjetivação não se desgasta pelos meandros que padronizam a maioria pela obediência ao modelo dominante. Em outras palavras, por meio do experimento vital não se busca uma normalização ética tendo como pano de fundo a estetização do corpo humano. Nem imitação nem cópia do modelo exemplar, vale dizer ausência de qualquer desejo hierarquizante.


O FILÓSOFO REBAIXA O SOFISTA, EXCLUINDO-O DA COMUNIDADE DOS HOMENS; A VOZ INTERIOR REBAIXA A ESCRITA, EXCLUINDO-A DA COMUNIDADE FILOSÓFICA


A transversal como traço significante. O experimento vital traduz antes uma escolha pessoal cujo fim, segundo as palavras de Foucault em entrevista a Dreyfus e Rabinow, é o de constituir uma "vida bela", "de deixar para os pósteros a lembrança de uma bela existência". O exemplar é o belo que é aquele corpo, aquela vida.
Sandra Coelho de Souza, no livro "A Ética de Michel Foucault" (ed. Cejup), em particular no capítulo "A "Vontade de Verdade" como Arte", chama a atenção para a importância que tem para o melhor conhecimento da teoria da subjetivação o prefácio (1886) de Nietzsche para a segunda edição de "A Gaia Ciência". Relembra ela palavras do filósofo francês em que ele diz que suas idéias só teriam sentido se postas em relação com o pensamento de Nietzsche.
O prefácio começa por uma pergunta sobre o seu próprio estatuto: algum prefácio poderia tornar o leitor de um livro familiarizado com a experiência (grifo no original) do autor que preexiste ao livro? É conhecida a experiência por que Nietzsche passa. Tinha saído de grave doença. Estava curado, razão pela qual tudo naquele livro é escrito com "petulância, inquietação, contradição, semelhantes ao vento de abril".
Todo o livro, afirma ele, nada mais é do que "júbilo das forças renascentes, da fé que acorda em amanhã, em depois de amanhã, nada mais é do que repentino sentimento e pressentimento do futuro, de aventuras eminentes, de mares que se abrem, de objetivos novamente permitidos, objetos de uma fé que se renova". Sandra observa que "todo um domínio do saber é assim colocado, em relação não ao lógos, mas ao corpo do homem". Um corpo que tinha aprendido a viver com os gregos. Escreve Nietzsche e aproprio suas palavras à guisa de conclusão: "Ah! Esses gregos, como eles sabiam viver! Isso exige a resolução de nos mantermos corajosamente à superfície, de nos conservarmos agarrados à superfície, à epiderme; adorar a aparência e acreditar na forma, nos sons, nas palavras, em todo o Olimpo da aparência! Esses gregos eram superficiais... por profundidade! (...) Não seremos nós, precisamente nisso... gregos? Adoradores da forma, dos sons, das palavras? Artistas, portanto?".


Silviano Santiago é escritor, poeta e crítico de literatura, autor de "Stella Manhattan" (Rocco) e "Nas Malhas da Letra" (Cia. das Letras), entre outros. Este texto é dedicado a Scarlet Moon de Chevalier.



Texto Anterior: 10
Próximo Texto: Hans Magnus Enzensberger: Golpistas no laboratório
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.