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DIREITOS AUTORAIS
18 de abril de 2009
Caro Steven
Infelizmente, não consigo
enxergar a contribuição
positiva feita por sites que
retiram materiais da internet, misturando releases para a imprensa e trabalhos
genuínos de reportagem de
maneira indiscriminada, sem
aplicar nenhum critério de relevância ou confiabilidade.
Na melhor das hipóteses, isso é irrelevante para o problema de manter o jornalismo independente, o engajamento cívico e a responsabilidade política. Na pior, pelo fato de rasparem alguns dos lucros, os sites
de notícias automatizados
agravam os problemas financeiros da imprensa.
Até recentemente, eu não levava a sério a ideia de que os
agregadores estariam violando
direitos autorais.
Contudo, agora, vejo que os
tribunais deveriam deixar claro que a agregação não paga,
sistemática e concentrada do
trabalho de outras pessoas
-sem o acréscimo de valor editorial- não constitui "utilização justa".
Uma decisão judicial obrigaria os agregadores a pagar seus
próprios repórteres e editores,
pagar por outros conteúdos ou
então deixarem de operar. E
esse seria um modo pelo qual
seria possível canalizar os lucros da agregação de volta para
o jornalismo.
Como já sugeri, organizações
sem fins lucrativos e filantrópicas deverão exercer um novo
papel de financiar trabalhos de
jornalismo investigativo e outros. Enquanto isso, diversas
políticas regulatórias poderiam
fortalecer o jornalismo local.
Existem muitas experiências
de jornalismo real on-line. Boa
parte delas vem ganhando forma em redes colaborativas, não
em organizações de jornalismo
tradicionais.
Tudo isso atende às demandas peculiares do ambiente on-line, e doadores privados e instâncias públicas deveriam
apoiar essas inovações on-line,
em vez de manter os jornais em
seus formatos tradicionais.
Esfera pública
O jornalismo independente e
profissional poderá sobreviver
e crescer se a política oficial e
instituições sem fins lucrativos
encontrarem maneiras criativos de apoiá-lo.
Duvido, porém, que ele consiga florescer exclusivamente
com as forças do mercado e as
novas tecnologias, embora os
jornalistas não possam ignorar
nenhum desses fatores.
No entanto, mesmo se o jornalismo independente se adaptar com sucesso, o novo ambiente da mídia provavelmente
levará a um abismo maior entre
a minoria que se interessa intensamente pela vida pública e
o número consideravelmente
maior de pessoas que se afasta
por completo da esfera pública,
informando-se pouco sobre política e importando-se menos
ainda com ela.
Esse é um problema antigo
que retornou sob forma nova.
O futuro da democracia depende de sermos capazes de
descobrir uma maneira de fazer frente a ele.
Paul
A íntegra deste debate saiu na "Prospect".
Tradução de Clara Allain.
Leia a íntegra do debate
entre Steven Johnson e
Paul Starr em
www.folha.com.br/091062
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