São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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OLHOS NAS RUAS

17 de abril de 2009
Caro Paul

É claro que o Outside.in não faz um trabalho de reportagem original. Eu dei o exemplo do Atlantic Yards para mostrar o volume de informações já criadas sobre uma questão pública no Brooklyn. Eu não estava me atribuindo o crédito por esses conteúdos.

Questões locais
O que acho promissor nessa página, e em milhares de outras, é que informações estão sendo criadas e obtidas de uma gama diversificada de fontes, mas são espalhadas por centenas de sites diferentes.
Embora boa parte dessas informações diga respeito explicitamente a questões hiperlocais -questões imobiliárias, sobre escolas ou crimes-, frequentemente é difícil encontrar notícias geograficamente próximas ao leitor.
Ajudamos os jornais a se conectarem com os blogueiros e ajudamos estes a fazer seus artigos chegarem aos sites de "mídia antiga".
Parte de nossas desavenças se deve ao fato de destacarmos tipos diferentes de engajamento cívico. Há questões maiores -se um governador recebe propina de uma construtora.
E há milhões de questões locais: uma proposta para fechar uma ciclovia ou um diretor de colégio que os pais dos alunos querem que seja substituído.
As primeiras vêm sendo cultivadas pelos jornais há cem anos, e as segundas têm sido insuficientemente atendidas.
É verdade que são necessárias habilidades jornalísticas tradicionais para as questões macro, mas, no nível hiperlocal, os verdadeiros especialistas são as pessoas na rua.

Inovações
Acho que nós dois concordamos que o futuro desse segundo tipo de noticiário é bom. A questão é se o primeiro poderá ser mantido no nível que aprendemos a esperar.
Acho que poderá, sim, mas concordo que isso vai exigir trabalho. Temos mais participação, uma distribuição mais barata e o fim dos monopólios sobre as informações locais.
Sim, podemos ter menos jornalistas investigativos completos, mas também teremos um aumento enorme nas pessoas que mantêm "seus olhos voltados às ruas", nas palavras da socióloga urbana Jane Jacobs.
Com certeza deveríamos ser capazes de aproveitar esses ingredientes e moldar um sistema mais eficaz de limites ao poder institucional.
Mesmo com os jornais em crise, estamos assistindo a inovações sem precedentes e a novos e instigantes modelos de criação de notícias. Seu argumento descreve muito bem o que corremos o risco de perder com o fim do modelo de jornalismo impresso antigo.
Eu gostaria muito de ouvir o que você pensa que devemos criar para tomar o lugar dele.
Steven


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